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Mostra gratuita em Salvador homenageia à obra de Helena Ignez com filmes, debates e oficina

Iniciativa visa valorizar a obra da diretora e atriz Helena Ignez, com mais de 65 anos dedicados ao cinema nacional

Atriz e diretora Helena Ignez ganha mostra dedicada à sua obra. Foto: Eduardo Knapp/Folha/Reprodução: revista Continente.

Entre os dias 21 e 24 de maio, Salvador recebe a mostra “À luz de Helena: Helena Ignez no cinema brasileiro”, uma celebração à trajetória de uma das cineastas mais longevas em atividade no país. Com entrada gratuita, o evento será realizado na Sala Walter da Silveira, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA (FFCH/UFBA) e na SalaDeArte – Cinema da UFBA, com exibição de filmes, debates e uma oficina aberta ao público.

A iniciativa tem como objetivo valorizar a obra de Helena Ignez, atriz e diretora que acumula mais de 65 anos dedicados ao cinema brasileiro. Nascida na Bahia, Helena iniciou sua carreira como atriz na década de 1950 e se tornou um dos nomes mais importantes do Cinema Novo e do Cinema Marginal, movimentos que marcaram profundamente a história audiovisual do país. Nos anos 2000, passou também a dirigir, assinando sete longas-metragens e cinco curtas que serão revisitados ao longo da programação.

Curadora e idealizadora de “À luz de Helena: Helena Ignez no cinema brasileiro”, a cineasta Hyndra Lopes afirma que a ideia de criar a mostra surgiu a partir das suas pesquisas na academia. “Sou antropóloga, vinculada a UFBA, e pesquiso cinema brasileiro há alguns anos, especialmente produções feitas por mulheres. A trajetória de Helena Ignez já ultrapassa sessenta e cinco anos, ela protagonizou vários movimentos cinematográficos, tais como o Cinema Novo e o Cinema de Invenção/Marginal, e tem uma obra extensa como atriz e diretora. A Mostra ‘À luz de Helena: Helena Ignez no cinema brasileiro’ surgiu dos meus diálogos com Helena e também de alguns encontros que tivemos em festivais de cinema, que me levaram a focar minhas pesquisas em sua trajetória no cinema e no teatro, principalmente como diretora”, explica.

Para Hyndra, a realização da mostra, no ano em que Helena Ignez completa 86 anos, é uma forma de contribuir para a valorização da sua obra. “Helena é uma artista extremamente importante para se pensar liberdade e reivindicações políticas, sua obra é plural e preocupada com questões sociais”.

Mulher libertária

O processo de curadoria da mostra “À luz de Helena: Helena Ignez no cinema brasileiro” foi guiado por um fluxo afetivo e político que, segundo a organizadora, se assemelha ao curso de um rio. “Considero a curadoria uma espécie de fluxo, muitas águas vão rolar”, afirmou. A motivação principal, desde o início, foi ampliar a visibilidade da obra de Helena Ignez e fomentar o debate coletivo em torno de sua contribuição ao cinema brasileiro.

“É uma mostra que começou pequena, sem recursos, apenas fruto do desejo de que mais pessoas conhecessem o trabalho de Helena. O cinema brasileiro vive em um constante dilema: muitos filmes são feitos, mas poucos são vistos e chegam em circuitos comerciais, principalmente quando pensamos no cinema experimental e independente. Então, como lidar com o que não está facilmente visível? É preciso colocar a boca no mundo e dizer: “Muita coisa foi feita! Vamos parar para prestar atenção?”. Acredito que quando optei por exibir toda a filmografia de Helena, com 12 filmes (7 longas-metragens e 5 curtas), fui levada por essa correnteza”, analisa Hyndra.

De acordo com a idealizadora, a mostra vai retomar algumas questões centrais da trajetória de Helena Ignez como, por exemplo, a relação da cineasta com a Bahia, os filmes em que ela assina como produtora e o momento em que ela passa a dirigir os seus próprios filmes, com pouco mais de sessenta anos.

Questionada sobre o título da mostra em que faz referência à obra e a luz de Helena Ignez. Hyndra Lopes analisou: “Sinai Sganzerla, filha de Helena, realizou um filme chamado “A mulher da luz própria”, que está programado para a sessão de abertura da mostra, no dia 21 de maio, às 09h30, no Cinema da UFBA. Acredito que este título é uma síntese perfeita: Helena é a mulher que conseguiu encontrar a luz própria. Muitas vezes, tentaram ofuscá-la por ser mulher e libertária, mas ela se manteve ali, resistiu e está aqui completando 86 anos bem amados e vividos”, disse.

“Cinema é luz e Helena é uma artista que ilumina nossos olhares. No primeiro dia da Mostra, 21 de maio, programei três sessões e em todos os filmes a palavra ‘luz’ está presente. De manhã, ‘A mulher da luz própria’. De tarde, ‘O bandido da luz vermelha’. Pela noite, ‘Luz nas trevas’. O nome ‘À luz de Helena’, além de dialogar com os filmes da cineasta, também é um convite para pensar ‘à luz’ dela, de sua própria obra”, complementa Hyndra.

A mostra

A cada sessão, o público poderá assistir aos filmes com apresentações introdutórias e debates ao final das exibições, criando um ambiente de troca e reflexão sobre a estética e o pensamento de Helena Ignez no cinema nacional. Uma oficina gratuita também integra a programação. A mostra é organizada por estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e foi contemplada pelo edital de extensão “Apoio à Organização de Eventos Estudantis 2025”.

Foto: Emiliano Urbim

O evento será realizado em espaços emblemáticos para o cinema da Bahia como a Sala Walter da Silveira e a SalaDeArte da UFBA. “A Sala Walter da Silveira e o SalaDeArte são cinemas de rua muito importantes na história de Salvador. A Sala Walter, além de levar o nome do crítico e escritor de cinema responsável por formar uma geração de artistas entre os anos 1950-1960 na Bahia, que inclusive Helena Ignez fez parte, é uma sala pública e gratuita que precisa ser ocupada e valorizada. É um dos poucos espaços em que cineastas baianas têm a oportunidade de exibir filmes independentes, sem recursos e fazer seu trabalho chegar ao público, vir à luz”, explica.

“Além disso, teremos uma sessão na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH-UFBA), no campus de São Lázaro, que é um espaço historicamente negligenciado em questões de recursos materiais e de infraestrutura, apesar de formar pesquisadoras com uma admirável atuação na sociedade. Ocupar todos esses espaços é uma forma de democratizar o acesso ao cinema e reforçar o caráter formativo da Mostra. Todas as sessões são públicas e gratuitas, seguidas de debates. É só chegar!”, convida Hyndra.

A programação completa está disponível no perfil @‌antropologicaos no Instagram. Com entrada franca, a mostra convida o público baiano a redescobrir a obra singular de uma artista que atravessou décadas com originalidade e resistência.

Serviço

Quando: 21 a 24 de maio de 2025
Onde: Sala Walter da Silveira, FFCH/UFBA e SalaDeArte – Cinema da UFBA
Quanto: Gratuito
Mais informações: @‌antropoligacaos

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