
Esta semana, o governo federal liberou mais uma modalidade de empréstimo para aliviar o bolso e a cabeça do povo brasileiro. Lançou o programa de empréstimo consignado para profissionais com carteira assinada. A modalidade de empréstimo consignado não é em si nenhuma novidade. Essa prática já existe para os aposentados e pensionistas. A novidade, agora, é que essa mesma modalidade de empréstimo foi ajustada para atender os profissionais com carteira assinada.
À primeira vista, essa é uma excelente ação econômica para ajudar a população enquadrada nesta condição (profissionais formalmente contratados com carteira assinada), que por qualquer motivo precisa contrair um empréstimo em condições menos extorsivas ou simplesmente trocar uma dívida cara (rotativo do cartão de crédito, cheque especial ou agiota) por uma mais barata e garantida pelo governo. Atenção! Eu disse mais barata e não sem juros. Já falei que não existe almoço de graça.
Então, antes de seguir comemorando ou já ir acessando a Carteira de Trabalho Digital e pegando o empréstimo, precisamos entender de forma muito clara. QUALQUER TIPO DE EMPRÉSTIMO SÓ É BOM OU FAZ SENTIDO, SE FOR REALMENTE NECESSÁRIO OU SE REPRESENTAR ALGUMA VANTAGEM PARA VOCÊ.
Então, meus prêmios Nobel de Economia das rodas de conversa, das reuniões na hora do cafezinho ou das mesas de barzinho, nada de sair orientando o povo a pegar empréstimo para financiar baladas, festa ou consumos desnecessários. Essa conta pode ficar muito, mas muito cara de verdade.
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Para que nenhum de nós saia por aí achando que essa manobra do governo é mágica ou que o governo é todo bonzinho e resolveu sair distribuindo dinheiro para o povo, vou tentar explicar um pouco, com base no meu entendimento, o que está motivando e fundamentando esse programa e ajudar a entender a regra do jogo.
Como já escrevi em outras oportunidades, juros é a remuneração de quem empresta. Igual a um aluguel. No aluguel você paga um valor pelo uso de um imóvel que não é seu. Ou seja, você remunera a pessoa que comprou o imóvel. Com os juros é a mesma coisa. Neste caso, você aluga o dinheiro dos bancos e o remunera por esse uso. Ou seja, paga os juros.
Agora que já entendemos o que são os juros, precisamos entender também que o valor desses juros varia de acordo com o risco que essa operação de empréstimo representa. Quanto maior o risco, maior os juros e uma forma de diminuir esses riscos é analisar o perfil do solicitante, no caso você, ou apresentar algum bem de valor para o banco como garantia, como casa, terreno, carro, joias e por aí vai. Com base em uma avaliação, o banco define o risco e, consequentemente, a taxa de juros a ser aplicada. Lembre-se que o banco vive de emprestar dinheiro e não faz sentido ser passado para trás por algum aventureiro.
Entendendo esse mecanismo, o que o governo fez foi criar condições para que os bancos, os donos do dinheiro, se sintam seguros para emprestar esses recursos para os trabalhadores com carteira assinada. E, para garantir que o empréstimo seja com juros menores que os praticados por esses mesmos bancos, o governo assegurou que o saldo do FGTS seja usado como garantia na avaliação de risco e que, em caso de demissão sem justa causa, a multa rescisória e parte do saldo do FGTS seja usado para pagamento da dívida.
Como banco é sabido e vive de emprestar dinheiro, conseguiu com que o governo fosse além. Solicitou que esse empréstimo fosse na modalidade de consignado. Ou seja, uma vez contratados os empréstimos, eles seriam descontados diretamente na folha salarial, antes mesmo que o trabalhador tivesse acesso ao dinheiro. Malandro é o gato que já nasceu com bigode.
Com tudo isso, o que o governo tentou nesta ação foi ajeitar a vida de todo mundo: a do trabalhador que passou a ter a possibilidade de contrair um empréstimo quando necessário, com condições muito melhores e menos agressivas que a praticadas hoje em dia ou até mesmo trocar uma dívida existente cara por uma nova mais barata; a vida dos bancos que, nesta condição, começam a operar com um risco muito baixo; e a vida do próprio governo que, de uma forma ou de outra, acaba aquecendo a economia, uma vez que com a população pagando menos juros, sobra mais dinheiro para o consumo e, com isso, diminui a pressão nos indicadores sociais medidos pelo governo.
Em resumo, o que o Governo fez foi dar aos bancos uma garantia de que não terão prejuízos em emprestar dinheiro aos trabalhadores e, como banco não brinca em serviço, convenceu o governo a comprometer não só o trabalhador, mas também as empresas, fazendo com que o empréstimo seja consignado. Ou seja, as parcelas são descontadas na fonte, na folha salarial do trabalhador, antes mesmo que ele tenha acesso.
Outro detalhe importante deste programa é que, uma vez assinado o acordo de empréstimo, não tem volta! Esse valor será descontado de sua remuneração mensal todos os meses até ser quitado. Então, não adianta ficar com chororô e nem reclamar para todos os lados. Se você recebe de remuneração mensal R$ 1.000 e você aceitou pagar prestações de R$ 350,00 (limite 35% do salário – limite definido por lei), vai ter que ajustar as coisas dentro de casa porque esse é um caminho sem volta. Ao menos até acabar o compromisso.
Então gente, muita calma nessa hora! Pense direitinho antes de seguir com a contratação deste ou qualquer outro empréstimo. Avalie se realmente é necessário e até quanto você pode comprometer por mês para pagar esse empréstimo. Não tem jeito, vamos voltar ao bom e velho planejamento.
Para finalizar, desejo a todos muita calma na avaliação e elaboração do planejamento para que uma ideia inicialmente boa não se torne em mais um instrumento de angústia e agonia na vida do trabalhador.
OPINIÃO
O texto que você terminou de ler apresenta ideias e opiniões da pessoa autora da coluna, que as expressa a partir de sua visão de mundo e da interpretação de fatos e dados. Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Umbu.
informação necessária!
muito bom!
Esse assunto posso falar que:
Assumir uma dívida para quitar outra, reformar um imóvel ou adquirir algo, seja qual for o motivo, requer uma reflexão. Na minha opinião, a principal diferença entre um trabalhador contratado pelo regime CLT e um funcionário público concursado ou aposentado reside na perspectiva de futuro. Enquanto empresas privadas, diante de suas necessidades, podem demitir o empregado privado, os concursados e aposentados não tem esse despejo de sua renda garantida, onde há situações como redução salarial que podem agravar ainda mais a instabilidade desse funcionário.
Essas circunstâncias podem levar a pessoa a comprometer parte significativa de sua renda mensal por um longo período. Dependendo das condições do empréstimo, até 35% do salário pode ser comprometido com as parcelas. Por isso, antes de solicitar um empréstimo, é essencial avaliar cuidadosamente se o benefício obtido compensará os impactos dessa dívida. e vou enfatizar… Uma Longa divida.
O impulso, vai gerar muito desespero.
Algumas pessoas vão pegar o emprestimo sem necessidade. Ah, o banco está oferecendo vamos usar, porém quando chegar no quinto dia útil, a impulsividade vai se transformar em um desespero que não tem volta.
Eu? tô fora kkkkkk