O Carnaval acabou, não sou mais rei e a conta chegou!

Viver o Carnaval da Bahia é uma das maiores experiências na vida de uma pessoa que curte a festa. Que me desculpem os outros carnavais, mas o de Salvador é diferente. É diferente porque tem o Carnaval da galera do samba, o da galera da pipoca, da galera das antigas marchinhas, tem o sábado mais charmoso, preto e reverenciado do mundo em que todos sobem a ladeira com “o mais belo dos belos”, tem o tapete branco do afoxé que deixa a avenida perfumada de alfazema e tem até espaço para a galera do rock.

Mas como tudo, um dia acaba e a vida precisa retomar o seu rumo. Acabou o milho, acabou a pipoca! Quem nunca ouviu essa expressão?

Como já apresentado em outros textos, o Carnaval é uma festa maravilhosa que movimenta a cidade, gera emprego, renda, atrai turista do mundo todo. Sem contar que a cidade fica linda e exalando uma magia diferente, a tal da baianidade nagô. Tudo fica especialmente lindo para quem aproveita esse período para gerar riqueza ou reforçar as contas com alguma dessas muitas oportunidades. O dinheiro tá na rua para quem quiser e tiver disposição para prestar algum serviço.

A questão que vamos tratar aqui é que toda essa festa e alegria podem se tornar uma belíssima de uma ressaca para aqueles mais emocionados, os que resolveram curtir a maior festa de Carnaval com trio elétrico do mundo, segundo o Guiness, sem o mínimo de planejamento ou de economia para financiar os gastos deste período, que não são poucos. Afinal, Carnaval é a festa do rei Momo, uma festa digna de reis.

Para os foliões do bloco “tô de boa”, que se planejaram para esse momento, só posso dizer “Parabéns!”. Falo isso porque tenho certeza que essa galera animada reservou um pouquinho de dinheiro todos meses para conseguir viver a magia da festa de uma forma tranquila e se permitindo ter muitas experiências incríveis. Quem nunca sonhou em viver um dia de rei em um camarote top da galáxias ou vestir sua roupa de lagarto mais famoso e seguir Bel e seu tiranosauro rex.

Porém, se nosso pequeno folião for da equipe do “deixa para depois”, aí, pai, não adianta botar a mão na cabeça e sair pedindo ajuda dos orixás para pagar as contas. Não vai rolar.

É, meu jovem. Alguém vai ter que pagar as contas. Sejam as contas da sobrevivência em sociedade (IPTU, IPVA, água, luz, gás, internet, escola e não sei mais o quê) ou as contas do desejo de ser rico, pelo menos no período de Carnaval (abadá, camarote, gelada, espetinho e por aí vai…). Seja lá qual for, o governo, o cartão de crédito, o cheque especial ou amigo que fez o empréstimo para você curtir, já vai bater na sua porta para te lembrar das contas ou empréstimos que você assumiu.

Para você que foi na onda de Dalila, se empolgou e saiu um pouco ou muito do orçamento, a ideia agora é levantar a cabeça, juntar as cinzas da quarta-feira, pegar o embalo do arrastão do Cacique Marrom e correr atrás do prejuízo. Primeiro, organizando as contas e depois planejando o seu próximo Carnaval para não pagar vexame outra vez.

OPINIÃO

O texto que você terminou de ler apresenta ideias e opiniões da pessoa autora da coluna, que as expressa a partir de sua visão de mundo e da interpretação de fatos e dados. Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Umbu.