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IV Encontro Nacional de Mulheres Negras Empreendedoras e Empresárias promove trocas e fortalecimento entre afroempreendedoras na Senzala do Barro Preto

Evento foi realizado entre os dias 22 e 23 de outubro, no Curuzu, em Salvador

 Foto: Maysa Polcri

A Senzala do Barro Preto, sede do bloco afro Ilê Aiyê, localizada no Curuzu, recebeu nos dias 22 e 23 outubro o 4º Encontro Nacional de Mulheres Negras Empreendedoras e Empresárias. O evento discutiu os desafios e as oportunidades do empreendedorismo feminino, promovendo a troca de experiências e o fortalecimento de redes de apoio entre as participantes.

Organizado pela Fundação Instituto de Negócios e Afroempreendedorismo (Funafro), sediada em São Paulo, o encontro apresentou o tema “A Mulher Negra no Mercado de Trabalho e o Sistema Estruturado ao Qual está Exposta” e contou com uma feira envolvendo 20 empreendedoras negras, além de debates sobre gestão de negócios.

A Funafro foi criada por um grupo de especialistas em gestão corporativa e governança empresarial com mais de 30 anos de experiência no mercado em meio às crescentes estatísticas de mortalidade dos afronegócios, alta de desemprego, identificação de racismo institucional, perda de direitos básicos criando um cenário desfavorável para o empresariado negro e seus diversos níveis de maturidade.

Fundadora e diretora executiva do Instituto da Mulher Negra Mãe Hilda Jitolu, Valéria Lima comentou que receber, na Senzala do Barro Preto, um evento que reúne mulheres negras empreendedoras é mais do que importante para viabilizar o debate sobre o tema e discutir estratégias. A Bahia tem 625 mil negócios liderados por mulheres, a maioria delas pretas. “É para pensarmos, juntas, novas estratégias de existência e resistência nesse empreender feminino e negro, que é tão particular nosso e que carrega tanta história, tanta memória, tanta tradição”, declarou Lima.

Mestre de cerimônias do evento, a jornalista Naiara Oliveira apontou a iniciativa da Funafro como uma oportunidade para que as mulheres negras empreendedoras pudessem se conectar e compartilhar suas vivências, além de proporcionar o conhecimento das jornadas e “labutas” de quem está se consolidando. “A gente precisa continuar abrindo mais espaços, fortalecendo essa caminhada para que a gente segure nossas mãos e abra caminhos para os nossos e para as nossas. Podemos, conquistamos e estamos chegando lá”, comentou.

Com base em dados do IBGE, 79% dos empreendedores da Bahia são negros e o perfil do afroempreendedorismo no estado foi apresentado na pesquisa realizada pelo Sebrae Bahia, Propósitos dos Afroempreendedores Baianos. O levantamento revelou que 71% dos afroempreendedores faturam até 4 salários mínimos e 87% atuam nos setores de comércio e serviços. A maioria (79%) aponta para acesso a crédito e financiamento como as principais dificuldades para empreender.

Quem também participou do o 4º Encontro Nacional de Mulheres Negras Empreendedoras e Empresárias foi a secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Ângela Guimarães que, durante a abertura do evento, destacou a importância de ter a realização da iniciativa sendo conduzida na região do Curuzu, um território preto. “O lugar de origem de toda essa organização contemporânea da luta da população negra no século XX. Há 50 anos nasceu o bloco afro Ilê Aiyê, aqui nesse território, a partir da presença forte de Mãe Hilda Jitolu e uma forte organização de mulheres negras do bairro e da nossa juventude negra, que foi visionária”, comentou Guimarães.

A chefe da Sepromi seguiu: “O empreendedorismo negro é uma das formas de expressão da resistência negra. Fundar um bloco afro, afirmar a nossa cidadania e a nossa beleza, colocar esse bloco na rua, nos circuitos tradicionais do carnaval. E os frutos são essas expressões que nós temos aqui: outros blocos afro, empreendimentos de artesanato, de acessórios, de roupa, de calçados, de serviços, de produção literária negra, da culinária, da gastronomia, que é justamente essa estratégia como continuidade ancestral”, analisou a secretária, citando ainda sua atuação na gestão pública, na qual é responsável pela condução da Política Estadual de Fomento ao Empreendedorismo Negro.

Ao longo dos das do encontro, painéis de Empreendedorismo, Marketing, Saúde e Direito mobilizaram o público em discussões que passaram pela importância do planejamento, oportunidades setoriais e estratégias para o amadurecimento dos negócios, além de viabilizar trocas profissionais e aproximações benéficas à coletividade.

 *Texto produzido em colaboração com Patrícia Bernardes Sousa, jornalista e mobilizadora de Projetos de Impacto Social na Bahia.

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