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MAM recebe exposição sobre trajetória do Teatro Vila Velha

Material histórico que ocupará museu traça relações entre a trajetória do Vila, das artes e a história do Brasil nas últimas seis décadas

O CASACO ENCANTADO – 1960 – Apresentação da peça em Mata Escura, bairro da periferia de Salvador – Texto de Lúcia Benedetti e direção de Carlos Petrovich – Arquivo Teatro Vila Velha

A exposição Vila Velha, por Exemplo: 60 Anos de um Teatro do Brasil inicia temporada de visitação pública nesta sexta-feira (13), no salão principal do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM, Avenida Contorno, Salvador). Documentando a trajetória do teatro, fotos, cartazes, figurinos, vídeos, programas originais das produções, áudios e documentos variados que, juntos, contam uma história de arte e insurgência.

A exposição é gratuita, tem temporada até o dia 8 de dezembro e pode ser conferida de terça-feira a domingo, das 10h às 18h.

O projeto é a primeira ação de artes plásticas, na Bahia, do Centro Cultural Banco do Brasil. O patrocínio é do Banco do Brasil, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal, com apoio do Museu de Arte Moderna da Bahia, Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural e Secretaria Estadual da Cultura. A produção é da Janela do Mundo com coprodução do Teatro Vila Velha.

Foto: Maiara Cerqueira

O Teatro Vila Velha foi inaugurado em 31 de julho de 1964, após uma ampla campanha levada à frente pelo primeiro grupo profissional de teatro da Bahia, a Sociedade Teatro dos Novos. Espaço eclético da cultura nacional, trouxe ao palco, já na programação de estreia, a Batucada da Escola de Samba Juventude do Garcia e também os experimentos dos jovens Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Tom Zé no show Nós, por Exemplo…

A exposição registra a trajetória do Vila Velha desde quando o teatro era um projeto, investigando as experiências que o transformaram em espaço das artes sintonizado com os grandes debates de seu tempo. Traz a história do Teatro dos Novos e do Teatro Livre da Bahia, grupos que tiveram João Augusto à frente até sua morte, em 1979.

Inclusive dimensiona a figura do diretor, dramaturgo e professor João Augusto, um dos mais importantes nomes do teatro brasileiro. Faz isso contextualizando o Vila nos momentos históricos que atravessou, o que exige trazer à discussão personagens como, dentre outros, Edgard Santos, reitor da Universidade Federal da Bahia que criou a Escola de Teatro em 1955, e Eros Martim Gonçalves, seu primeiro diretor.

JOÃO AUGUSTO, criador do Teatro Vila Velha (depois de 1964)  –  Foto colagem com fotos de ações e espetáculos montados por ele – Acervo Teatro Vila Velha

O engajamento do Vila na defesa das classes subalternizadas e das causas sociais ganha destaque na exposição. Os exemplos apresentados são variados. No ano de sua inauguração, encenou a peça sociopolítica “Eles Não Usam Black-Tie”, de Gianfrancesco Guarnieri, em plena implantação do regime militar, decisão ousada em tempos de repressão e violência contra os direitos civis e políticos.

Mais à frente, em 1968, ano em que foi decretado o mais tenebroso Ato Institucional do governo militar, o AI-5, outro atrevimento em meio ao medo que assolava a sociedade: o teatro abrigou artistas, jornalistas e membros da comunidade em protesto pela atuação truculenta da censura em ensaio aberto da peça “Senhoritas”, que seria encenada no Teatro Castro Alves e acabou interditada.

Soma-se a isso a participação ativa no movimento pela Anistia, no final dos anos 1970, e seus desdobramentos, como ter sido o lugar escolhido para os julgamentos dos processos post mortem de Carlos Marighella e Glauber Rocha, absolvidos de crimes imputados pelo regime militar e cujas famílias, nas mesmas sessões, receberam pedidos formais de desculpas do Estado brasileiro.

Outro destaque no material disponibilizado é o período de reforma estrutural do teatro, que durou de 1994 a 1998 e trouxe ao Vila diversos artistas que nele iniciaram carreira, em campanha que gerou apresentações com rendas direcionadas para a reconstrução do prédio. Foram retornos cheios de emoção dos já àquela época nacionalmente reconhecidos Gil, Caetano, Bethânia, Tom Zé e também Daniela Mercury e Carlinhos Brown, dentre muitos outros.

Entre as curiosidades apresentadas na exposição, está a informação de que o Vila Velha é o único teatro independente na Bahia que através de um grupo residente de dança, o Viladança, implementou políticas para o desenvolvimento da linguagem, desdobrando suas ações em residências, intercâmbios artísticos, projetos de experimentação e integração de diversos estilos, além de formação de plateia para a dança e criação de um longevo festival internacional, o Vivadança, que colocou a Bahia na rota de eventos culturais internacionais.

Fachada do Vila em 1996 – Foto Isabel Gouvêa

Também é relembrado que o Vila foi palco dos julgamentos pos mortem de Carlos Marighella e Glauber Rocha, sendo o lugar histórico onde o Estado brasileiro reconheceu a inocência e pediu perdão às famílias dos dois perseguidos políticos.

Em sua composição, o Vila Velha, por Exemplo: 60 Anos de um Teatro do Brasil opta por, ao contar a trajetória do teatro e de seus personagens, contextualizar os momentos históricos desse percurso, inclusive o desenvolvimento urbano e evolução arquitetônica das cidades. Nesse entranhar de acontecimentos emergem produções feitas no teatro ou nele exibidas, projetos, ações de cidadania, enfrentamentos e posicionamentos, enfim, a história ativa e produtiva de um teatro que é baiano e cujas realizações reverberam pelo Brasil.

CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL

O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) é uma rede de espaços culturais gerida e mantida pelo Banco do Brasil, com o objetivo de ampliar a conexão dos brasileiros com a cultura e valorizar a produção cultural nacional A diversidade, a relevância e o ineditismo da programação do CCBB são os diferenciais que contribuem para democratizar o acesso à cultura e para gerar emprego.

Presente no Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, está em avançado processo de instalação de sua nova unidade em Salvador. Na capital baiana, passa a ocupar o Palácio da Aclamação, o histórico edifício que, como o Teatro Vila Velha, compartilha a área do Passeio Público, no bairro do Campo Grande.

Mesmo antes de iniciar suas atividades no Palácio da Aclamação, o CCBB já realiza intervenções culturais na cidade de Salvador. Nesse contexto, promove sua primeira exposição na Bahia, em projeto que dimensiona a importância do Teatro Vila Velha para o Brasil.

BANCO DO BRASIL

O Banco do Brasil apresenta e patrocina Vila Velha, por Exemplo – 60 Anos de um Teatro do Brasil, uma exposição que mostra a vida de um teatro construído e gerido por artistas, que se reinventou com a cidade e os tempos.

O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) será vizinho do Teatro Vila Velha e, a partir desse momento, as duas histórias passam a dialogar, criando um potente parque artístico, junto com outras organizações, no Corredor Cultural do Centro de Salvador.

Enquanto prepara sua instalação definitiva no Palácio da Aclamação, o CCBB já se faz presente na cidade com programação em parceria com diversos espaços culturais, a exemplo do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), que calorosamente nos acolheu para a realização desta importante exposição.

Ao realizar este projeto, o CCBB reafirma o compromisso de ampliar a conexão dos brasileiros com a cultura e com a valorização da produção cultural nacional. Viva! O CCBB chegou à Bahia.

SERVIÇO

EXPOSIÇÃO: Vila Velha, por Exemplo: 60 Anos de um Teatro do Brasil

TEMPORADA PARA VISITAÇÃO: 13 de setembro a 8 de dezembro de 2024, de terça a domingo, das 10h às 18h

LOCAL: Museu de Arte Moderna (MAM), Avenida Contorno, Salvador

VALOR: Gratuito

PATROCINADOR: Banco do Brasil e MInistério da Cultura, através da Lei Rouanet

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