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Umbu Podcast: Nina Santos, jornalista e pesquisadora, fala sobre pesquisa no campo do combate as Fake News

Nina Santos é considerada uma das principais referências brasileiras no combate a desinformação e em comunicação digital

Foto: Reprodução

Nesta terça-feira (23) foi ao ar o 8° episódio do Umbu Podcast. As apresentadoras do semanal, Camilla França e Mirtes Santa Rosa receberam a jornalista e especialista em combate a fake news, Nina Santos. Durante a conversa, a pesquisadora detalhou seu estudo em combate à desinformação nas redes e discorreu sobre os desafios e tendências sobre a comunicação digital.

Nina Santos é considerada uma das principais referências brasileiras no combate a desinformação e em comunicação digital. A pesquisadora mostra como o espaço digital vai além das plataformas e como pode fortalecer a democracia.

Nina tem experiência profissional como assessora de comunicação política e como analista de dados para grandes marcas internacionais. Seus projetos de pesquisa têm se concentrado principalmente na disseminação de informação em plataformas digitais, nos novos mediadores informativos e nos impactos políticos das transformações do sistema de comunicação.

“Tem várias formas de combater Fake News. Uma delas é fazendo pesquisa, levantando dados e acompanhando o que está acontecendo nas redes”

Durante o bate-papo, a pesquisadora explicou como seu estudo no campo do combate a desinformação é feito. “Tem várias formas de combater Fake News. Uma delas é fazendo pesquisa, levantando dados e acompanhando o que está acontecendo nas redes. Este ano temos o período eleitoral e mais de 5 mil eleições no país. Precisamos acompanhar o que é que está sendo postado, o que está circulando nas plataformas. Para isso, temos pesquisadores que irão acompanhar esses dados para identificar essas tendências e do que pode ser problemático e que precisa ser levado ou para o TSE ou para as plataformas”, conta Nina.

A pesquisadora explicou ainda que os estudos sobre a temática das Fake News ainda são recentes no Brasil. “É uma pauta que ganhou muita visibilidade em 2016, durante a campanha de Trump nos Estados Unidos, no ano da campanha do Brexit, que foi a saída do Reino Unido da União Europeia. Depois teve a eleição de Bolsonaro em 2018. Tiveram vários fenômenos ao redor do mundo que acabaram fazendo com que a discussão sobre a desinformação ganhasse muita visibilidade. Hoje, fake news é algo que está posto no debate público”, diz.

“Tiveram vários fenômenos ao redor do mundo que acabaram fazendo com que a discussão sobre a desinformação ganhasse muita visibilidade. [..] é algo que está posto no debate público”

“Por outro lado, temos mais tentativas de solução estruturais e institucionais para fazer frente a essa desinformação. A discussão sobre a regulação das plataformas, por exemplo, avançou muito nos últimos anos. Ainda não o suficiente, principalmente no Brasil, mas avançou”, continuou Nina.

Na Câmara dos Deputados, tramitava um projeto de lei que buscava responsabilizar as big techs por conteúdos criminosos publicados nas plataformas. No entanto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) criou um grupo de trabalho para rediscutir o texto. Na prática, o projeto de lei começará praticamente do zero com a produção de uma nova proposta.

“[…] O debate que era feito nos anos 1990, era sobre a democratização do acesso à informação, sobre como a mídia estava concentrada na mão de poucas pessoas”

Em seguida, a conversa girou em torno de como o digital transformou a comunicação, possibilitando a democratização no acesso a informação e os efeitos práticos disso, que é o surgimento da desinformação nas plataformas. “Há democratização do poder de fala. Hoje, temos mais pessoas podendo falar. Por um lado, isso é bom, porque tem várias vozes que foram incluídas no debate público a partir desse processo de digitalização. Se a gente lembrar do debate que era feito nos anos 1990, era sobre a democratização do acesso à informação, sobre como a mídia estava concentrada na mão de poucas pessoas e famílias. A parte ruim da coisa é que com essa multiplicação do poder de fala, a gente passa a perder a referência dos centros de produção de verdade”, analisa.

“É o questionamento da mídia, da ciência e das universidades, que cria essa sensação de: afinal em quem devemos acreditar?”

“Esse discurso antimídia, anti esses intermediários tradicionais – que são os jornalistas e as mídias tradicionais, que são os produtores de informação legitimados para produzir leituras de realidade -, esse questionamento não vem sozinho. É o questionamento da mídia, da ciência e das universidades, que cria essa sensação de: afinal em quem devemos acreditar?”, reflete Nina.

Confira o episódio do Umbu Podcast com Nina Santos na íntegra:

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