Prestigiaram o espetáculo, estudantes do Sesi, pais e moradores do bairro

Após uma temporada de sucesso em Cajazeiras, o Coletivo Meio Tempo desembarcou, nesta quinta-feira (6), na Cidade Baixa. Para abrir os trabalhos, o projeto promoveu duas sessões da peça “O Contentor – O Contêiner” na sala Letieres Leites, no Centro Cultural Sesi Casa Branca, em Caminhos de Areia, Salvador. Prestigiaram o espetáculo, estudantes do Sesi, pais e moradores do bairro.
O projeto Caravana do Meio Tempo tem a realização do Coletivo Meio Tempo e foi contemplado pelo edital Gregórios – Ano III, com recursos financeiros da Fundação Gregório de Mattos, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Prefeitura de Salvador e da Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura, Governo Federal.
“O Contentor – O Contêiner” acompanha a jornada de três homens africanos, que decidem imigrar ilegalmente para a Europa no porão de um navio. Ao longo da viagem, os personagens compartilham suas histórias, angústias e planos para o futuro. No entanto, ao chegar ao seu destino, os jovens são presos em um contêiner. A peça foi escrita por José Mena Abrantes, inspirada em uma história real que ocorreu no Porto de Lisboa, em 1989.
Ator do espetáculo “O Contentor – O Contêiner”, o produtor do Coletivo Meio Tempo, Anderson Danttas falou sobre a temática da peça que aborda umas das questões mais delicadas da atualidade: a imigração. “A gente vive isso ainda atualmente. Países vizinhos aqui na América ainda discutem essa questão do pertencimento, do que é pertencer à terra, de quem que é esse lugar, esse território, não somente desse lugar geopolítico, mas também entendendo como a gente – eu, do interior -, o lugar que a gente se desloca para ocupar em outros lugares, quando a gente sai do interior, que vai para a capital, quando a gente constrói, reconstrói as famílias. Esse lugar de deslocar é o que acho que tem que ser mais visto com um olhar de carinho, assim. Porque não é simplesmente estar em outro território, é saber onde a gente está sendo pertencido, onde a gente se sente parte dele”, explicou.
Diretor do Coletivo Meio Tempo, Ridson Reis comentou sobre o roteiro que o projeto percorreu, incluindo temporadas no Subúrbio 360 e no espaço Boca de Brasa, em Cajazeiras. “Estamos muito felizes de estar fazendo esse projeto nesses espaços, somos artistas periféricos, marginais, digamos assim, dessa cidade e poder ir a esses espaços, a esses bairros específicos, poder levar teatro de qualidade, arte de qualidade para a comunidade, para a gente é muito importante. E para além dos espetáculos a gente leva duas oficinas de informações artísticas, que é a oficina de teatro e a oficina de vídeo para celular, então poder fazer esse projeto nesses bairros é de uma felicidade enorme”.
Na Oficina de Teatro Teatralizando, através de exercícios de jogos e exercícios de improvisação, os participantes terão como ponto de partida as diversas mitologias, lendas e diferentes interpretações sobre como o mundo e a humanidade foram criados e vão tecer conexões com suas vivências, saberes e aprendizados. Já a oficina Criando com Celular, busca orientar jovens e adolescentes a produzirem conteúdo audiovisual com os recursos multimídia dos aparelhos celulares.
Na próxima quinta-feira (13), o Coletivo Meio Tempo promove o espetáculo “Boquinha”, serão duas sessões, uma às 10h e outra às 15h. No dia 19 de junho, o projeto realiza o espetáculo “Esqueça”, que fala sobre o descobrimento do Brasil a partir do ponto de vista dos povos indígenas. As apresentações são gratuitas, sujeitas a lotação do espaço. “A gente tem uma formação de plateia aqui, trazendo escolas e grupos culturais, mas é aberto ao público, quem tiver interesse e disponibilidade de vir assistir é totalmente gratuita”, explica Ridson.
SOBRE O COLETIVO MEIO TEMPO:
O Coletivo Meio Tempo surgiu em 2016 a partir do reencontro artístico de Ridson Reis e Roquildes Junior, multiartistas soteropolitanos, oriundos do subúrbio ferroviário. Eles haviam trabalhado juntos em 2006 na montagem do Sonho de uma noite de verão, do Bando de Teatro Olodum, e 10 anos depois eles se reencontram para a montagem do espetáculo O Contentor – O Contêiner, baseado na obra do angolano José Mena Abrantes. A peça rendeu a Ridson Reis a indicação do Prêmio Braskem de Teatro na categoria Revelação. Desde então, o coletivo montou três espetáculos, realizou projetos, eventos, participou de mostras e festivais.