Em entrevista ao Portal Umbu, o diretor-geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia, Marcelo Lemos, falou sobre a importância de alcançar novos públicos
A 22ª Semana Nacional de Museus (SNM) encerra, neste domingo (19), sua programação repleta de exposições, oficinas e workshops que seguem o tema da edição: educação e pesquisa., norteadores definidos pelo pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM). Mobilizados pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), vinculado ao Ministério da Cultura (Minc), diversos espaços culturais do país se articularam na iniciativa que celebra o Dia Internacional dos Museus, neste 18 de maio.
Entre os museus participantes da 22ª Semana de Museus estão os que são geridos pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA). Em entrevista ao Portal Umbu, Marcelo Lemos, atual diretor-geral da autarquia, falou sobre iniciativas que ajudam a ampliar o apelo desses equipamentos culturais junto a diferentes públicos.
“Aqui na Bahia, a gente tem trabalhado a ideia do museu para ampliar a ideia de mundo […] para que as pessoas estudem o mundo através dele”, explicou. À reportagem, o historiador apontou que a adesão da dinamicidade nos espaços culturais é um fator fundamental para cativar os visitantes que chegam para conhecer exposições e atividades conduzidas nos equipamentos.
“A gente precisa estar, o tempo todo, se atualizando. A relação museal tem se dado de forma mais dinâmica e menos estática, temos feito atividades cada vez mais nesse sentido – lúdicas, dinâmicas”. Em maio de 2023, mês em que ocorreu a 21ª SNM, os museus geridos pelo IPAC receberam cerca de 41 mil visitantes.
Marcelo relembra que “a inauguração do MAC [Museu de Arte Contemporânea da Bahia] deu outras características para o museu [,na atualidade, no estado]”. A abertura do espaço, ocorrida em setembro de 2023, contou com 60 horas de programação e deu destaque para a arte urbana, com participação de mais de 50 artistas que atuam nas ruas de Salvador.
Performances de break-dance, slam de poesia e música, assim como bate-papos e oficinas; projeções de vídeo mapping e cinema a céu aberto; arte digital com dj, vj e live code; pista de skate; e yoga estão elencadas entre as atrações do espaço. O movimento de inclusão de linguagens artísticas diversas colabora para a quebra de alguns paradigmas presentes na ideia de como são os espaços museológicos.
Como forma de combater a ideia de museus como espaços exclusivos, os equipamentos culturais recebem programações compostas por oficinas, atividades imersivas e diferentes expressões de arte, como o grafitti. O diretor do IPAC exemplificou ações como essas mencionando a presença do Acervo da Laje e performances musicais, teatrais e multiculturais no Solar Ferrão e de obras de Udo Knoff no Museu de Arte da Bahia (MAB).
“A perspectiva [para incluir públicos diversos no museu] tem mudado. Temos levado comunidades para museus e precisamos trazer quem ainda não está. É preciso cativar o público que já é assíduo do museus, mas também encantar o público que ainda não é para ocupar aquele espaço que também é dele”, explicitou Marcelo Lemos, citando a presença da Batekoo em espaços museais e a preparação de uma residência artística voltada para a periferia da cidade.
“A educação museal é fundamental para a formação de público para o museus e para trazer essa população para os museus, é necessário usar os espaços de forma mais interativa, com atividades mais dinâmicas”, contou, relembrando que houve um período em que as crianças eram orientadas a não encostar no que era exposto.
“É importante termos essa diversidade de possibilidades, que a população de Salvador possa ir à praia, mas também possa ir ao museu, saber que há esse espaço para ela”, disse. A Semana de Museus segue até este domingo, em todo o país. A programação completa de museus do estado e do município, você confere em nossa listagem.
