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Leitores enchem Centro de Convenções no segundo dia de Bienal do Livro

A programação de sábado contou nomes consagrados de diferentes gêneros da literatura brasileira e autoras de sucessos infanto-juvenis, Thalita Rebouças e Paula Pimenta lotaram Arena Jovem

Leitores encheram Centro de Convenções no segundo dia de Bienal do Livro, neste sábado (27) | Foto: Caio Batista

O segundo dia da Bienal do Livro Bahia levou uma multidão para o Centro de Convenções Salvador, na Boca do Rio, neste sábado (27). Com painéis voltados para diferentes públicos e preços promocionais em livros, visitantes circularam por diversas áreas do evento e criaram memórias ao lado de escritores que passaram pelo local.

A Arena Jovem, logo na abertura do dia, sediou o diálogo ‘Por trás de todo malvado, existe alguém que tentou fazer você sorrir’, que foi conduzido pelos desenhistas André Dahmer e Pedro Vinício, com mediação do escritor João Mendes. Os quadrinistas falaram sobre a experiência que tiveram com o humor e seus processos criativos.

Falando sobre o apelo que têm junto ao público infantojuvenil e adaptações de seus livros para o cinema, as escritoras Thalita Rebouças e Paula Pimenta participaram do painel ‘As nossas favs’, com mediação da escritora Lorena Ribeiro. Durante a conversa, Paula revelou que a saga literária ‘Minha Vida Fora de Série’ deve ser encerrada no 6º volume, mas não descartou o retorno dos personagens em possíveis continuações.

Thalita, por sua vez, revelou o desejo de escrever um livro voltado para leitores adultos, sobre questões do cotidiano. Sobre a relação com os leitores, a autora de ‘Ela disse, ele disse’, se emocionou ao recordar de quando um admirador lhe revelou ter encontrado refúgio em uma de suas obras que aborda o suicídio. 

Thalita Rebouças autografou livros e tirou fotos com leitoras após painel | Foto: Caio Batista

“O suicídio é uma solução definitiva para um problema temporário”, citou a escritora, mencionando o problema enfrentado ao longo do livro ‘Confissões de um garoto talentoso, purpurinado e (intimamente) discriminado’, lançado em 2022, cuja a intenção é alertar os jovens que pensar no pior nunca é o caminho mais fácil. Depois do painel, Thalita Rebouças autografou livros e tirou fotos com as leitoras.

Outro espaço que serviu para discussões sociais foi o Café Literário, que recebeu Jeferson Tenório, autor da obra ‘O avesso da pele’, alvo de censura em três estados do país. O livro chegou a ser recolhido de escolas, mas foi devolvido após decisão judicial. Tenório foi acompanhado por Lívia Natália e Conrado Hubner, que também sofreram com represálias por sua atuação.

Lívia chegou a ter o poema ‘Quadrilha’, que abordava a Chacina do Cabula, censurado em outdoors em Ilhéus, em 2016. Já Hubner se tornou alvo de ações judiciais a partir de 2015, por críticas a Augusto Aras, ex-procurador geral da República.

Jeferson Tenório, Lívia Natália e Conrado Hubner participaram do primeiro Café Literário do dia | Foto: Flimart

Discutindo temas ligados à segurança pública e à tese do punitivismo, a segunda mesa contou com a presença da professora de Literatura da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Denise Carrascosa, que atua em penitenciárias de Salvador, e do jornalista Bruno Paes Manso, sob mediação do também jornalista André Uzêda. 

Já o terceiro painel trouxe a médica psiquiatra Natália Timerman e o professor e psicanalista Christian Dunker falando sobre a complexidade dos lutos e afetos. Natália contou que o falecimento do pai a levou a escrever. O compartilhamento de memórias e sentimentos seguiu com a presença da escritora ruandesa Scholastique Mukasonga, radicada na França, que levou a público memórias de como sobreviveu ao Genocídio de Ruanda, em 1994.

Além da Arena Jovem e do Café Literário, o espaço Janelas Encantadas reuniu dezenas de crianças para a contação de histórias interativa da escritora Renata Fernandes, que leu o livro ‘Que charada esconde a bicharada – Volume III’, lançado nesta edição da Bienal. Além da autora, o momento de imersão para os menores contou ainda com a presença do ilustrador Heitor Neto, que produziu desenhos dos personagens do livro enquanto a história era contada.

Espaço Janelas Encantadas recebeu Renata Fernandes e Heitor Neto para contação de história | Foto: Caio Batista

Apesar do forte apelo junto ao público, os painéis não foram os únicos atrativos do segundo dia. O evento se mostrou uma grande oportunidade de divulgação para editoras e autores em crescimento. É o caso do escritor Flávio A. S. Fernandes, que aproveitou a Bienal para promover ‘O Caçador de Lendas’, livro de fantasia histórica ambientado em pleno Brasil da era colonial. “[A história acompanha] um bandeirante que caça as lendas do nosso folclore após um evento traumático dele. É o seu ganha-pão, mas nesse meio caminho dele, ele vai descobrindo que esse luto dele pode ser ressignificado”, adiantou o autor.

A variedade de narrativas também encantou o público. A Editora Mostarda, responsável por apresentar às crianças histórias de personagens negros e indígenas do Brasil e do mundo, como Maria Carolina de Jesus, Ailton Krenak, Lima Barreto e Rosa Parks, marcou presença no evento. Entre os representantes do selo, a analista de diversidade Gislaine comentou a importância de destacar personalidades ímpares como essas na literatura infantil: “A gente precisa falar [sobre essas pessoas e esses temas] até pelo fato do apagamento histórico da população negra. É de suma importância que a gente saiba sobre as diversas lideranças negras, tudo o que foi feito, o apagamento, até pela amplitude.  Então a importância de trazer as biografias é para trazer representatividade para essa nova geração, para todo mundo poder conhecer a verdadeira história”.

“Isso é representatividade, você entrar em um ambiente e ver os seus ali. Está sendo bem bacana as pessoas vendo, elogiando, muito emocionadas de ver histórias de pessoas que não viam e que estão sendo muito importantes.”

A Bienal do Livro Bahia também tem como apelo preços que viabilizam mais acessibilidade na hora da compra de clássicos e best-sellers. Há espaços com valores promocionais, como no Maluco por Leitura, em que um livro pode ser comprado por R$10 e três volumes podem ser comprados por R$50. As condições foram aproveitadas pelos amantes das palavras como Lorena Silva, que foi pela primeira vez ao evento literário. “Eu gosto muito da literatura brasileira, encontrei vários autores, vários títulos aqui, que gostei bastante”, contou.

A programação continua neste domingo (28) com presença dos escritores Raphael Montes e Anderson Shon, que vão dialogar sobre a construção da narrativa de suspense. O dia terá ainda painéis com Daniela Mercury, Lumena Aleluia e Carla Akotirene, além de participação do dramaturgo Rodrigo França.

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