Com abertura de Itamar Vieira Junior, evento contou com presença de autoridades e nomes consolidados no mercado
A sexta-feira (26) foi agitada para os amantes da literatura. Estudantes da rede pública de ensino, autoridades, escritores renomados e autores independentes marcaram presença no Centro de Convenções Salvador e participaram da troca de conhecimentos que o evento viabiliza.
Com o tema ‘As histórias que a Bahia conta’, a Bienal do Livro Bahia teve discurso de abertura de Itamar Vieira Júnior, autor do sucesso ‘Torto Arado’ e vencedor do Prêmio Jabuti. Baiano, Itamar celebrou outros nomes da terra que deixaram sua marca na cultura brasileira, como Jorge Amado e João Ubaldo Ribeiro. Itamar participou do ‘Café Literário – Qual Bahia?’ ao lado das autoras Luciany Aparecida e Edma Góis.
Além do autor, também estiveram presentes na abertura o prefeito Bruno Reis; a secretária estadual de Educação, Rowenna Brito; o secretário-estadual da Cultura, Bruno Monteiro; o presidente da Fundação Gregório de Matos, Fernando Guerreiro; o subsecretário municipal de Cultura e Turismo de Salvador, Walter Pinto Junior; o músico repentista Bule-Bule; além de vereadores e deputados.
A programação do primeiro dia foi recheada de atividades e espaços com grandes nomes de áreas como literatura, economia, comunicação e entretenimento. O ‘Café Literário – O feminino a partir da escrita e do discurso’, por exemplo, contou com a presença de Preta Letrada e das jornalistas Luana Assiz e Camila Oliveira. Já no painel ‘Arena Jovem – A gente se encontra em Salvador’, a influenciadora digital de planejamento econômico, Nath Finanças, a produtora de slam baiano, Nega Fyah, e a professora e escritora Lavínia Rocha dialogaram sobre os pontos de encontro da trajetória feminina na atualidade.
Foi o primeiro contato com o evento para alguns visitantes, já que a última edição foi realizada em 2022. É o caso da estudante Ana Clara, 17, que revelou: “Está sendo um momento muito legal para mim. Acho que nunca vi tantos livros na minha vida, estou adorando a experiência. Poder levar pra casa livros que eu sempre vi no Instagram está sendo um sonho.”
O evento também é uma oportunidade para que autores e autoras independentes encontrem seus leitores e divulguem seu trabalho para novos públicos. Mariana Madelinn, escritora soteropolitana de poesia e ficção especulativa – um subgênero da ficção científica com elementos de fantasia e horror -, estava divulgando seu livro ‘Ruídos de Comunic(ação)’, lançado pela Mondru Editora.
“É um livro de poesia que fala sobre essa nossa dificuldade de verbalizar os sentimentos. A correria do dia a dia, a gente está sempre correndo de um lado para o outro e não dá tempo de entender o que é que a gente está sentindo. Então são poesias que foram escritas no meu bloco de notas do celular, nessas andanças, de um lado para o outro no metrô, no ônibus, vivendo, sentindo, escrevendo”, contou.
A Bienal do Livro também acessa o campo emocional de participantes como a escritora Ana Fátima, que revisitou o passado para falar sobre a emoção de poder promover sua obra ‘Os dengos na moringa de Voinha’. “Eu estou muito feliz e não é uma fala comum porque, realmente, eu fui uma criança que visitava Bienal, que via os autores, que ia atrás das novidades literárias e hoje eu estou aqui como uma autora lançando um dos meus livros pelo selo Brinque-Book, da Companhia das Letras”.
A autora conta que o livro é sobre memórias da própria família: “[É sobre] a minha infância negra na casa do interior de minha avó, com todos os dengos que eu tive e que eu acredito que outras famílias também tenham, que é daquela comidinha gostosa feita com carinho, com amor, para compartilhar com todo mundo, que são das árvores do quintal – e aqui eu trago de uma forma simbólica a baobá -, tem a moringa, que de fato existiu na minha infância, na casa de minha avó, e até hoje a gente carrega em casa como esse lugar de reviver memórias, lembranças de todos os acontecimentos que vivíamos em família”.
“Eu queria que as famílias, quando lessem a obra, também ativassem suas memórias. Que os pais que hoje não tem tempo junto com suas avós, naquele momento em que lessem a obra, lembrassem também das suas infâncias, dos seus lugares de afeto e compartilhar essas com a nova geração.”
Para a reportagem do Portal Umbu, Ana Fátima contou que o protagonismo da criança negra sempre foi importante em todas as obras infantis de sua autoria. “Porque eu entendo que as crianças são, de fato, protagonistas da sua imaginação, da sua projeção de futuro, da sua perspectiva de vida e a gente não está escutando elas. Então a partir do momento que a gente traz, na história, o protagonismo da criança e, em especial, da criança negra, a gente está experimentando que essas crianças não tenham baixa autoestima, não tenham frustrações de um nível de questões étnico-raciais ou até da solidão, uma solidão coletiva que as nossas crianças tenham sentido e que eu sei que a literatura pode ser esse berço para afetar positivamente as nossas memórias em família”.
A Bienal do Livro segue até o dia 1º de maio com mais de 170 autores, 200 marcas expositoras, personalidades e artistas que produzirão mais de 100 horas de conteúdo para todos os públicos. Neste sábado (27), há programações para o público infantil, painéis na Arena Jovem e Café Literário, onde Jefferson Tenório, Lívia Natália e Conrado Hubner participarão, a partir das 12h, do painel ‘Livros e Liberdade’, com mediação de Flávio Avelino.
Na Arena Jovem, a partir das 13h, Thalita Rebouças e Paula Pimenta participam do painel ‘As nossas favs’, com mediação de Lorena Ribeiro. A partir das 15h, Deko Lipe e Clara Alves, com mediação de Roberta Gurriti, participam da mesa ‘Somos mais fortes junt@s’. Já a partir das 17h, tem ‘A gente se encontra em Salvador 2’, com Maíra Azevedo, a Tia Má, e Thalita Rebouças, com mediação de Mariana Lins.
Com apuração de Adriane Rocha.