Evento do Coletivo Imune apresentou talentos de Minas Gerais e da Bahia na noite de quinta-feira (25)
Promovendo um encontro entre a artistas e culturas de Minas Gerais e da Bahia, a primeira edição do Rolezinho Imune desembarcou em Salvador na noite desta quinta-feira (25). No evento, EHLY, Fashion Piva e Oderiê foram os talentos locais selecionados que fizeram apresentações.
Idealizado pelas artistas Bia Nogueira e Cleopatra, o Rolezinho é uma iniciativa do Coletivo Imune (Instante da Música Negra), que também atua pela projeção de pessoas indígenas e LGBTs. Em entrevista à reportagem do Portal Umbu, Bia contou que ficou muito feliz com o resultado do edital e que aproveitou a oportunidade para realizar um projeto antigo.
“Eu já vinha fazer o show com Djonga e achei que era o melhor momento, a oportunidade para fazer uma coisa que eu quero fazer desde 2019, que é trazer o Imune para Salvador, a capital mais negra do Brasil. E a gente marca uma nova fase que é rodar pelo Brasil conectando a cena, não só de Minas, mas conectando as cenas do Brasil entre si. Quando eu fui sentar para fazer a seleção junto com a Cleópatra, a gente viu que tinha uma potência aqui, em Salvador, da novíssima cena.”
Eu acho que, na verdade, a Bahia é uma grande escola. O Rolezinho Imune vem para aprender, nós, artistas de Minas, viemos aprender, trocar também e começar uma história. Eu acho que ele só é um início
Sobre a curadoria, a idealizadora fala que a diversidade surpreendeu positivamente e ajudou a estimular o processo. “Nós tivemos uma seleção de uma pessoa indígena não-binárie, de uma mulher negra, de uma pessoa do rap que tem um som que mistura trap com pagodão e isso é só na Bahia. Então é tão surpreendente, a cada coisa que eu ouvia, eu falava ‘a gente ainda não ouviu isso’. Eu acho que, na verdade, a Bahia é uma grande escola. O Rolezinho Imune vem para aprender, nós, artistas de Minas, viemos aprender, trocar também e começar uma história. Eu acho que ele só é um início”.
Artistas
Antes das apresentações, os artista se reuniram no camarim em uma roda, onde um a um foi se apresentando e compartilhando suas vivências artísticas. Circulando diferentes capitais brasileiras, mapeando artistas da cena para o conjunto de atividades do Festival Imune, que acontece ao longo 2024, o Rolezinho já tem elencados os nomes de EHLY e Oderiê, que fizeram pocket shows depois de apresentações de Bia Nogueira e Cleópatra.
Selecionadas no chamamento em Salvador, as artistas independentes falaram sobre a importância de iniciativas que deem oportunidade para artistas independentes. “Não é todo dia que a gente tem oportunidade. Então, qualquer oportunidade, a gente tem que agarrar com todas as forças e é muito bom porque a gente pode ser o que é com outras pessoas que são parecidas com a gente também”, declarou EHLY. “Todos os dias a gente quer crescer mais e mais”, disse.
Também se apresentando no Rolezinho Imune, a produtora musical, cantora, artista Oderiê revelou a felicidade com a oportunidade de tocar na iniciativa. “É realmente um desafio para quem é artista independente desse corre imenso, poder colocar o seu trabalho, sua expressão em algum lugar que tenha essas visões, esses olhos para enxergar, para escutar o que a gente está falando através da nossa arte. Então estou me sentindo bastante feliz de estar aqui, com esse projeto ‘Oderiê – As Flechas’, poder mostrar para as pessoas esses outros contextos, essas outras existências de pessoas indígenas vivendo nas periferias e vivendo além dos estereótipos.”
“A nossa presença contínua é muito necessária para que as pessoas quebrem esses estigmas imaginários do que que é ser uma pessoa indígena, de onde essas pessoas devem estar, o que que elas têm que fazer enquanto trabalho, enquanto profissão, então a gente precisa estar circulando.”
Oderiê finalizou analisando que “as pessoas precisam ter esse respeito e permitir que esses espaços sejam também espaço para a gente, de segurança para além de tudo, porque o racismo anti-indígena é muito obscuro. As pessoas, às vezes, nem sabem da nossa existência viva. Pensam a relação indígena no passado e não no agora, não nessa cultura que está viva e que se transforma”.
Produção
Além dos shows de artistas mineiros e baianos que encheram a Casa do Hip-Hop Bahia com música boa e expressão popular, o espaço abrigou ainda uma feira de moda com opções variadas de turbantes, acessórios e roupas. Com produção da Favela Cult, o evento promoveu um intercâmbio entre artistas de diferentes regiões.
“Eu estou muito feliz de estar trazendo o Rolezinho Imune para Salvador, sendo a primeira edição. É a primeira vez que o Coletivo Imune está fazendo o evento e abrindo em Salvador. Para mim é muita muita emoção, fico até arrepiada de ter esse marco, de abrir, aqui em Salvador, no Pelourinho, na Casa do Hip Hop”, declarou Tulani Nascimento, produtora da Favela Cult.
“A gente está vendo aqui, que está tendo um encontro super bonito, um conhecendo o outro, o que faz. Vendo as conexões que estão acontecendo e isso tem muito a ver com Favela Cult, porque iniciamos promovendo intercâmbios culturais.”
Com apuração do repórter Jadson Luigi.