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“Trazer para as pessoas um olhar de dentro de si” é um dos objetivos da arte educadora Suzana Rezende

Artista plástica idealizadora do projeto Arte no Quintal contou trajetória artística e experiência na Publicidade ao Portal Umbu

Foto: Arquivo pessoal

As artes são meios de expressão e manifestação do pensamento e das emoções humanas. A terceira entrevistada no especial do mês das mulheres do Portal Umbu é Suzana Rezende, uma artista plástica que encontrou na pintura uma forma de se expressar e ajudar outras pessoas a encontrarem também sua forma de expressão.

Aos 60 anos, Suzana é artista plástica, arte educadora, diretora de arte e idealizadora do projeto Arte no Quintal, um curso de arte visual ministrado ao ar livre voltado a todas as idades.

Antes de chegar às artes plásticas, no entanto, Suzana Rezende conta que “sempre teve um olhar aberto para a arte, pro fazer artístico que começou se expressando através da dança”.

“Eu já tinha facilidade de desenho, mas eu me sentia, vamos dizer assim, ativando a minha potência artística na dança”, relembra. “Então eu fiz preparatório de dança na UFBA [Universidade Federal da Bahia]. Ia fazer vestibular para Dança, já me exibia nos palcos da escola com coreografias, criando, dançando, mas depois de chegar na decisão da Universidade, eu decidi fazer Artes Plásticas. Aí comecei a ter uma relação mais direta mesmo com arte visual”.

Contudo, antes de se lançar definitivamente nas artes, Suzana Rezende narra uma experiência paralela em outro campo, o da Publicidade. “Eu entrei em Publicidade com 22 anos. Fui publicitária na área de criação bem cedo, fazendo campanhas, anúncios, design, ilustrações”. A artista atuou no setor por 35 anos, mas revela que sentiu “uma limitação da própria criatividade”.

“Era como se eu tivesse trabalhado demais na superfície e qualquer mergulho um pouquinho mais profundo, eu tivesse a sensação de me afogar. Então foi aí que eu fui me despedindo de Publicidade, entrando em alguns projetos artísticos fazendo direção de arte para TV, para cinema e fui procurando me aprofundar e estudar mais.” A primeira exposição individual da artista, INKISIS, só aconteceu em 2002.

À reportagem do Portal Umbu, Suzana revela que, a partir dos estudos, identificou a importância da arte nos processos educativos e formativos, o que a levou a criar o projeto Arte no Quintal para “trazer para as pessoas um olhar de dentro de si”.

“Existe uma história dentro de cada um existe, também, uma arte dentro de cada um que eu vejo que, quando a gente consegue acessar, a gente também entra em um processo de desenvolvimento nosso, criativo, pessoal, espiritual. Hoje em dia, eu vejo que é essencial a espiritualidade na minha vida”, analisa.

O projeto surgiu ainda no contexto pós-pandemia com ligação direta “ao ar livre, com a natureza, com respirar e sentir o que está no ar”, explica a artista. “Sentir o ambiente que a gente vive, poder estar presente no espaço onde a gente tem o céu acima, tem a terra abaixo e a gente tá no meio”.

“Essa conexão de estar praticando a arte, pensando arte, se vendo no seu corpo fazendo aquilo, é uma atividade de integração humana mesmo.”

A arte educadora aponta a importância da sensibilidade para se conectar com os mais diversos públicos, sejam crianças, jovens, adultos, idosos. Ela chama atenção para a relação das mulheres com a arte. “A mulher é um canal aberto em que a gente precisa ter muito cuidado para poder caminhar, se fortalecer construindo a sua identidade. A arte educação trabalha diretamente na construção da identidade porque, quando você fala que cada pessoa tem uma arte dentro de si, isso é muito próprio, é uma forma de olhar, uma forma de interpretar e isso é uma construção de identidade”, reflete.

Sobre a representação feminina em suas obras, Rezende aponta que a mulher como um canal aberto é algo muito representado em seu trabalho. “Eu vejo que a mulher tem uma ligação direta com a fonte da vida. Ela traz, ela dá à luz, ela alimenta, ela tem o amor de mãe e isso é a religiosidade, espiritualidade”, analisa.

“A mulher pode se encontrar, se identificar no momento que ela traz uma consciência de que ela é a fonte da vida”.

As mulheres, inclusive, sempre formam a maioria do público nas aulas do projeto Arte no Quintal. “A presença das mulheres nesse curso foi, eu digo, 98%. Das turmas que eu tive, só tive três homens – dois mais novos e um mais maduro -, mas a maioria mesmo, mulheres de todas as idades buscando se conhecer. Fazer arte é um pouco de autoconhecimento.”

“Porque você vê coisas que pode fazer e nem imaginava, mas que a partir dessa conexão com o ambiente, com a natureza, com seu próprio corpo, você começa a ver que tem potenciais. Tem potencial artístico, tem como praticar, tem como desenvolver o olhar, a habilidade manual, o conhecimento das de técnicas de cores, de luz, de sombra, de forma e poder se conhecer melhor também”, explica.

“Se conhecendo melhor a gente ganha mais força, a gente ganha empoderamento a gente ganha firmeza para se posicionar no que a gente pensa, na nossa voz, no que a gente tem a dizer para que ela possa ser ouvida”, conclui.

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Urbano Sampaio
Urbano Sampaio
1 ano atrás

Maravilha

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