Ex-presidente deve apresentar petição requerendo direito ao silêncio para não responder perguntas em Brasília

Após três negativas do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, às tentativas de adiar depoimento sobre uma tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro comparecerá nesta quinta-feira (22) à Polícia Federal, em Brasília. As convocações são parte da operação Tempus Veritatis.
Segundo informações de Malu Gaspar, do jornal O Globo, Bolsonaro, no entanto, deve ficar em silêncio durante a oitiva, uma vez que a defesa do ex-chefe do executivo federal preparou uma petição pelo direito ao silêncio, assim evitando perguntas. Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro, deve alegar falta de acesso integral às provas do processo como motivador para a não preparação da defesa e, por consequência, o silêncio de seu cliente.
Militares, ex-ministros e ex-assessores de Jair Bolsonaro também devem prestar depoimento à PF hoje, a partir das 14h30, no âmbito da operação Tempus Veritatis, que apura a disseminação de mentiras sobre o sistema eletrônico de votação, bem como a tentativa de um golpe de Estado, que objetivaria a abolição do Estado Democrático de Direito. A estratégia da Polícia Federal é iniciar o depoimento dos investigados ao mesmo tempo para que não haja combinação de versão entre eles.
Apesar do já esperado silêncio de Bolsonaro, os investigados Marcelo Câmara, acusado de atuar pela chamada “Abin paralela”, e Tercio Arnaud, investigado por suposta participação no “gabinete do ódio”, devem responder a todas as perguntas da PF, segundo o advogado Eduardo Kuntz, que representa ambos.
No último dia 8, a operação da PF cumpriu 33 mandados de busca e apreensão, quatro de prisão preventiva e 48 medidas cautelares, como proibição de contatos entre os investigados, retenção de passaportes e destituição de cargos públicos. Foram presos o ex-assessor especial Filipe Martins, o coronel da reserva do Exército Marcelo Câmara, o major das Forças Especiais do Exército Rafael Martins e o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, que era alvo apenas de mandados de busca e apreensão, mas acabou preso porque a PF localizou uma arma de fogo não registrada em sua posse.
Nesta quinta-feira (22), a Polícia Federal aguarda, em Brasília, os depoimentos de:
Jair Bolsonaro (ex-presidente);
Augusto Heleno (general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional);
Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
Marcelo Costa Câmara (coronel do Exército);
Mário Fernandes (ex-ministro substituto da Secretaria-Geral da Presidência);
Tércio Arnaud (ex-assessor de Bolsonaro);
Almir Garnier (ex-comandante geral da Marinha);
Valdemar Costa Neto (presidente do PL);
Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
Cleverson Ney Magalhães (coronel do Exército);
Walter Souza Braga Netto (ex-ministro e ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro);
Bernardo Romão Correia Neto (coronel do Exército);
Bernardo Ferreira de Araújo Júnior;
Ronald Ferreira de Araújo Junior (oficial do Exército).
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