Em seu único de dia de desfile, bloco transcendeu os limites da celebração e foi uma verdadeira ode à rica herança cultural de mulheres negras
Na noite desta quinta-feira (8), as ruas do centro de Salvador foram inundadas pelo som do Bloco Pagode Total, que desfilou no circuito Osmar, compartilhando a energia do samba baiano. Sob o tema “A força ancestral das mulheres negras”, o desfile transcendeu os limites de uma celebração e foi uma verdadeira ode à rica herança cultural de mulheres negras, no seu único dia de desfile carnavalesco.
Comemorando seus 24 anos de tradição na Avenida, o bloco de samba Pagode Total apresentou uma atmosfera de alegria e reverência, contando com a presença marcante dos grupos baianos Samba Trator, Companhia do Pagode e o tão esperado retorno do É o Tchan, que não comandava o trio do Pagode Total desde 2020.
Durante o desfile, as homenagens às mulheres negras estiveram pelas ruas, reconhecendo-as como verdadeiras guardiãs e impulsionadoras do samba e do pagode no Brasil. Figuras emblemáticas como Gal do Beco, Jovelina Pérola Negra, Dona Ivone Lara, Tia Ciata e Dona Maria de Lourdes foram lembradas e reverenciadas por seus legados duradouros na cultura musical brasileira.
Monalisa Sacramento, associada do bloco, expressa sua gratidão por se sentir homenageada, enquanto mulher negra e periférica: “Eu saio há muito tempo no bloco, moro no bairro da Saúde, minha família tem vínculos com a família do Compadre Washington. Sinto-me muito lisonjeada, pois precisamos ser homenageadas, tanto nós mulheres pretas contemporâneas quanto nossas ancestrais que fizeram tudo isso possível”, disse.
A diretora do bloco, Ariane Barreto, tem 14 anos de Pagode Total e explica a relevância de homenagear mulheres negras na avenida: “Cada vez mais, precisamos representar quem faz um negócio acontecer, que são as mãos das mulheres negras. Escolhemos as homenageadas com muito apreço. Muito importante reconhecer e celebrar a importância das mulheres negras no Bloco Pagode Total”, finaliza.
Carnaval Ouro Negro 2024
O Carnaval da Bahia é Ouro Negro. Em 2024, foram investidos R$15 milhões para proporcionar o apoio a mais de 170 grupos dos segmentos afro, afoxé, samba, reggae e de índio. Só no carnaval de Salvador são mais de 100 entidades que desfilam nos circuitos oficiais da folia.
Entre as entidades contempladas estão grupos tradicionais como o Olodum, Ilê Aiyê, Filhos de Gandhy, Muzenza e Cortejo Afro. A SecultBA amplia sua parceria com blocos tão importantes com o intuito de preservar a tradição destes na folia soteropolitana e nas suas comunidades de origem, valorizando as nossas matrizes africanas.
Carnaval da Cultura
Comemorar, enaltecer e fortalecer o Bloco Afro em seus 50 anos de existência, contados a partir do nascimento do Ilê Aiyê, o pioneiro, é garantir que a festa também seja um lugar para que negros e negros baianos contem as suas narrativas e façam parte da história do mundo. Por isso, o tema do Carnaval da Bahia em 2024 é os 50 anos de Blocos Afro – Nossa Energia é Ancestral.
Em cada circuito, em cada sorriso, em cada bloco desfilando as belezas do povo preto, em cada brilho pelas ladeiras do Pelô. É uma folia animada, diversa e democrática do Carnaval e é também a preservação do patrimônio cultural, com o apoio ao carnaval tradicional dos mascarados de Maragojipe. O Carnaval da Cultura é promovido pelo Governo do Estado, “50 anos dos Blocos Afro – Carnaval da Bahia 2024 – Nossa Energia é Ancestral”.