Anúncio foi feito nesta terça-feira (16) em cerimônia de lançamento na sede das Filhas de Gandhy

Primeiro bloco feminino da Bahia, o afoxé Filhas de Gandhy, ao longo de seus 45 anos de história, segue ressaltando a importância da tradição permanente ao longo desses anos. Honrando o legado do bloco, o grupo feminino lançou, na manhã desta terça-feira (16), o tema do carnaval deste ano: “Mulheres de Terreiro detentoras do sagrado”. O evento de lançamento contou com a presença de importantes figuras políticas e sociais, que colaboraram para a construção do bloco em sua trajetória, além de apresentar em primeira mão a fantasia escolhida pelo grupo para sair nos circuitos carnavalescos.

No local do evento, a Secretária de Igualdade Racial Ângela Guimarães ressaltou a importância de manter viva a história do bloco feito pelas mulheres para as mulheres. “Sabemos que no início da história do bloco não foi tão simples assim. Foi um início de enfrentamento à perseguição, enfrentando a criminalização, enfrentando a demonização da nossa religiosidade, enfrentando a negação da nossa cultura e todos os cilícios desse processo histórico do racismo, do escravismo colonial, das tentativas de apagamento. E nós somos a resistência, nós somos aquelas que disseram que não iriam nos calar”, afirma.
“Por sermos mulheres fortes, não iria nos impedir de botar um bloco de mulheres nas ruas, não ia nos impedir de falar das mulheres de terreiro, detentoras do sagrado e contar as histórias que, muitas vezes, os livros didáticos não contam, a imprensa não contou. Exatamente por isso que o nosso tema do carnaval celebra os 50 anos dos blocos afros, celebrando a existência do afoxé e celebrando a presença das mulheres na presidência de um bloco, no toque dos agogôs, na dança, na definição dos temas do carnaval, no desenho dos panos, nos cortes das nossas fantasias. Então, eu quero aqui celebrar essa presença, essa força feminina, essa força do sagrado e dizer às filhas de Gandhi que vocês nunca, jamais, estarão sozinhas. Podem contar com a gente sempre”, concluiu a secretária.

Em entrevista ao Portal Umbu, Silvana Magda, coordenadora do Afoxé Filhas de Gandhy, afirma que a trajetória do bloco feminino é pautada no resgate cultural da Bahia, com isso, torna-se mais que importante que o legado continue vivo para que as próximas gerações conheçam o que foi feito ao longo desses 45 anos. “O afoxé Filhas de Gandhy está querendo manter e resgatar o que há de positivo na Bahia, para que as próximas gerações tenham o entendimento de que é preciso manter as raízes, pois, sem isso, você não vai para lugar nenhum. É importante lembrar a força do Candomblé, das mulheres que fizeram isso tudo aqui acontecer, não há como modificar isso, não tem como mudar a cultura”.
Fundado em 1979, o afoxé da Bahia se prepara para desfilar em dois Circuitos da capital – Batatinha, no Centro Histórico, no sábado (10 de fevereiro), e Dodô (Barra/Ondina), na segunda-feira (12 de fevereiro). Ainda no dia 10, as Filhas de Gandhy participam de um esquenta percussivo. O evento contará com cerca de 50 percussionistas e 50 baianas, partindo da sede do Afoxé na rua Gregório de Matos, seguindo pelo Largo do Pelourinho, subindo para o Terreiro de Jesus, circulando pelo Centro Histórico e concluindo novamente na sede, onde está previsto participação especial de artistas da música baiana.

Fotos e reportagem: Adriane Rocha