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Creuza Maria Oliveira recebe título de Doutor Honoris Causa pela Ufba

Cerimônia aconteceu nesta sexta-feira (24), em Salvador. Creuza é a primeira trabalhadora doméstica a receber título de doutora honoris causa no Brasil

Creuza Maria Oliveira, presidenta de honra da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) e secretária de Formação Sindical e de Estudos do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia (Sindoméstico-BA), recebeu, nesta sexta-feira (24), o Título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Aos 65 anos, Creuza é a primeira liderança sindical representante da classe das trabalhadoras domésticas a receber a titulação no Brasil. Contudo, com um histórico impecável na reivindicação de direitos e melhorias para a categoria, Creuza Maria acumula, ao longo de sua trajetória, premiações e reconhecimentos.

A presidenta de honra da Fenatrad recebeu o Prêmio Direitos Humanos, da Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal, em 2003 e em 2011. Em 2005, a condecoração da Ordem do Mérito do Trabalho no Grau Cavalaria foi concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No mesmo ano, ela foi indicada para o Prêmio 1.000 Mulheres para o Nobel da Paz.

Em 2013, Creuza Maria recebeu ainda o Troféu Raça Negra, da Faculdade Zumbi dos Palmares, em São Paulo. Já em 2015, o Senado Federal prestigiou a sindicalista com o diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz.

Outorgado pelo reitor da Ufba, Paulo Miguez, o título foi entregue à Creuza Maria Oliveira em cerimônia no Salão Nobre da Reitoria da universidade. Em seu discurso, a sindicalista reforçou a importância de lembrar de quem apoiou a luta da classe e incentivou a mobilização.

“É importante a gente não esquecer da nossa caminhada, de quem nos deu a mão, e até daqueles que nos trataram com indiferença. Você pode estar na linha de frente, mas existem outras pessoas que estão apoiando, dando incentivo, que estimula toda uma luta.”

A luta, contudo, não se limitou à classe, mas também foi atravessada pela questão racial. Em sua declaração na cerimônia de recebimento do título, Creuza contou que usava um lenço para não mostrar o cabelo por sentir vergonha, mas que desenvolveu consciência racial ao participar, com um grupo de trabalhadoras domésticas, do Movimento Negro Unificado.

“Observei falas sobre a questão racial, sobre o motivo da população negra ocupar sempre os piores empregos, os piores lugares. E comecei a perceber as mulheres que foram referência para mim, aquele cabelo crespo, black, que coisa linda. Quando elas levantavam os braços, que não estavam depilados, eu dizia: ‘que coisa diferente’. Mas sabia que tudo aquilo tinha relação comigo”, disse.

Em novembro, Creuza Maria Oliveira conversou com o Portal Umbu sobre sua trajetória de vida, trabalho, feitos na luta por melhorias e reconhecimentos por sua postura aguerrida na atuação sindical. Para saber mais sobre a história de Creuza, leia e assista a entrevista na íntegra clicando aqui.

Foto: Alisson Santos

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