A 2ª edição do Festival Salvador Capital Afro conquistou o público, levantando o tema “Salvador: Cidade Conexão da Diáspora”, durante os três dias de evento. Nesta sexta-feira (24), o último dia da programação de painéis, oficinas e rodadas realizadas no Quarteirão das Artes, o público acompanhou diálogos sobre Artes, Aquilombamentos e Gestão de Carreiras.
Participando do primeiro painel do dia, Ismael Fagundes, gerente artístico e co-curador do Afropunk Bahia, comemorou a conquista do festival e destacou a relevância que o afroturismo tem alcançado, através de eventos como este, que tem como objetivo dar visibilidade à cultura negra do nosso país. “Sou grato ao participar desses encontros e afirmar o Afropunk como um festival internacional, além de mostrar que o evento não é apenas um Afropunk regional e, sim, um trabalho que tem potenciais artistas com shows históricos, fortalecendo a circulação desses artistas no mundo”, declarou.
O painel “Arte que Circula” também contou com outros agentes culturais que debateram os desafios e caminhos possíveis para ampliar a circulação de trabalhos artísticos em diferentes países. Entre eles, estavam Evandro Fióti, da Laboratório Fantasma (São Paulo), a gestora cultural Juci Reis, do programa Flotar, do México, Fábio Arboleda, criador do festival colombiano Negro Fest, e Chicco assis, diretor da Fundação Gregório de Mattos.
Nesta mesma linha, a oficina de “Gestão de Carreiras”, liderada por Ciça Pereira e Tainá Ramos, da produtora cultural Zeferina Produções, reuniu artistas que buscam desenvolver competências para administrar suas carreiras.
“Já acompanho a Zeferina e vi na oportunidade proporcionada pelo Festival Salvador Capital Afro uma possibilidade de me conectar com esse trabalho e potencializar o trabalho que já venho desenvolvendo em Salvador, através do Música Viva”, declara Iara Nascimento, executiva do Panela de Barro, produtora que realiza produção de artistas culturais e musicais de Salvador.
No período da tarde, o talk “Processos criativos: conectando a cultura preta global” trouxe o diretor criativo global do Afropunk, Sango, o coordenador de conteúdo do Afropunk Bahia, João Gabriel Mota, e a especialista em Marketing e Sistemas de Inteligência do Prodetur Salvador Isabel Aquino para discutirem sobre o case Afropunk.
“O Afropunk permitiu que as pessoas negras criassem uma nova conexão com a sua negritude. Tornou-se um espaço para as pessoas negras que se sentiam diferentes e encontraram uma cultura, e através dessa cultura, acharam uma nova forma de expressar a sua negritude”, enalteceu Sango.
João acrescenta a oportunidade que o Afropunk oferece para jovens que buscam a inserção no mercado. “Damos o caráter mercadológico, mas também criamos espaços para as atrações locais. E isso também se refletiu na mão de obra.
Em 2022, 90% dos contratados eram pretos e pardos e 80% eram baianos. Tivemos a preocupação de acompanhar de perto as contratações. A gente questionava os fornecedores sobre quantas pessoas pretas têm na equipe”, declarou ele.
A última programação do festival contou com o painel “Aquilombamentos culturais” com a presença de personalidades que deram destaque às suas experiências sobre a importância dos espaços culturais de aquilombamento no desenvolvimento de um cenário artístico-cultural negro.
Fizeram parte da mesa Jaqueline Fernandes, do Festival Latinidades, Karla Danitza, da iniciativa Enegrecer a Gestão Cultural, e Lázaro Roberto, um dos idealizadores do Zumvi Arquivo Afro Fotográfico.
“É importante demais nos vermos nos nossos pares. Passei a fazer encontros entre pessoas de diferentes regiões para pensar nesta articulação e tornar esses espaços ocupados por negros nas tomadas de decisão menos hostis. Estaremos aqui em Salvador com a Enegrecer em 2024”, afirma Karla Danitza.
Sobre o Festival Salvador Capital Afro
Considerado um grande marco do Salvador Capital Afro – movimento que busca projetar a cidade como destino em referência nacional e internacional no Afroturismo -, o festival é totalmente gratuito e acontece até amanhã (25) de novembro. O evento reuniu diversas atividades voltadas para valorização e fomento da economia criativa preta da cidade, assim como para estímulo ao desenvolvimento de políticas públicas necessárias para o posicionamento de Salvador como uma cidade antirracista.
Apontado como um ecossistema capaz de reunir uma diversidade de público e interesses, por meio de quatro pilares – político, econômico, educacional e cultural – o evento também é visto como uma base de transformação social, cujo foco é capacitar pessoas, mobilizar negócios e envolver, de forma atrativa, toda a cadeia de afroempreendedores.
O Festival Salvador Capital Afro é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Salvador, através da Secretaria de Cultura e Turismo (SECULT), no âmbito do PRODETUR Salvador, em parceria com a Secretaria da Reparação (SEMUR), e faz parte do Plano de Desenvolvimento do Afroturismo da cidade.
O projeto tem financiamento do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento.