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Vamos viajar no Tempo?

Aos que chegam, eu já vou deixando a transparência: esse texto não é sobre nostalgia e fatos dos passos que deixaram saudades; é sobre viajar no conceito tempo mesmo, repare a onda.

Seja em tela ou em ponteiros, a gente consegue desvendar a hora atual e saber se a gente vai perder um compromisso. É uma forma elegante de saber se tá mais perto do almoço ou da janta e se já tá pra escurecer. A turma de antigamente que curtia olhar pro céu – caras como Galileu Galilei, Nicolau Copérnico e René Descartes – percebeu que a gente estava em uma bolota que girava em torno de si mesma em uma forma regrada (é da rotação da Terra que eu tô falando), e a duração de um giro completo desse foi entendido como Dia; depois foram dividindo essa duração consecutivamente até achar mais outras unidades, hora, minuto e segundo. Até aqui beleza. Se eu marcar agora, quando a Terra tiver completado um 360, eu digo que passaram 24 horas.

Agora me diga: se a Terra não é feita com essa rotação, que noção de tempo a gente teria? A curiosidade aqui é a forma atrelada à dinâmica dos corpos celestes que achamos para ordenar os acontecimentos do nosso cotidiano. Agora, quando vamos, por exemplo, falar da idade do universo, faz sentido falar de uma unidade que depende de algo que, no início de tudo, sequer existia?

Pra a gente fritar menos, por enquanto, vamos entender que tempo é essa estratégia de dar nome ao momento em que algo aconteceu; quando que você acordou? 5h30! Quando os portugueses chegaram no Brasil? 1500. E assim vai. Mas me diga você: quando o tempo foi criado?

Pronto, vamos embrasar a caixola de novo. A gente sabe que o tempo passa, pois, a gente vê as coisas acontecendo. A luz bate em algo, um carro novinho na concessionária, por exemplo, e volta pro seu olho indicando que tem uma máquina modelo do ano ali parada, o mesmo pra um cabelo branco em sua cabeça ou ruga nos olhos, a gente vê o que mudou e ordena os fatos dessa mudança. Esse fato de o tempo só fazer sentido por visualizarmos acontecimentos faz a luz ser um grande protagonista de como definimos nossa realidade; e, se fixarmos a velocidade com que essa partícula/onda viaja por aí, entre superfícies e retinas (a famosa velocidade da luz), o conceito de tempo começa a clarear na mente.

Agora, Tempo é apenas a distância que a luz percorreu, na sua velocidade característica, enquanto tomamos ciência de dois fatos distintos. Dá, realmente, um nó para por uma ordem aqui. Distância é o que se percorre em um intervalo de tempo e tempo é a distância que se percorre em um dita velocidade, você escolhe quem veio antes; uma dica: o conceito de antes só existe se você conhece o que é tempo.

Mas se o Tempo é definido pela velocidade da luz, o que acontece se eu observo algo que se distancia de mim? Simples, o tempo, pra mim, passa mais devagar! Respira, calma, vamos lá. A velocidade da luz é característica, assim como nossa baianidade, ela não muda, mas a distância física entre o observador e o fato observado está aumentando. O que acontece com a noção de tempo? Se dilata à medida que minha velocidade de afastamento aumenta também. Em termos práticos, fazendo isso aí de antes, é o mesmo que fugir da luz que está me mostrando um acontecimento, logo, a tendência é eu contar mais unidades de tempo até que essa luz chegue até mim pra indicar que algo aconteceu. Pra queimar o último miolo, pense que se eu fujo da luz a uma velocidade igual à dela, é impossível essa luz me alcançar, logo, eu não consigo perceber fato algum, o que me impede de contar o tempo.

A tal da Teoria da Relatividade de Einstein é, basicamente, isso. O tempo, a duração de algo, está relacionada à velocidade relativa entre quem vê e quem está sendo visto; é onda ou não é? Mas como todos somos filhos de Deus e devemos satisfação pra alguém, se estabeleceu, de uma vez por todas, o que vai ser visto e de onde será visto, como instrumento para dar as horas.

Dando cabo dessa lombra toda, o Tempo Atômico Internacional é uma rede de equipamentos que medem a quantidade de vibrações de um átomo de Césio. Quando um equipamento desta rede conta 9.192.631.770 (nove bilhões, cento e noventa e dois milhões, seiscentos e trinta e um mil e setecentos e setenta) vibrações, ele indica que passou um segundo. A sincronização entre estes equipamentos é o que fornece a contagem oficial de segundos pra esse mundão.

Por fim, os computadores digitais, quando resolveram inventar de contar o tempo, se basearam na mesma técnica de contagem de segundos para dar às horas. Apesar de chegarmos à beira de um colapso digital no ano 2000, o famigerado Bug do Milênio, pois era tanto segundo pra contar que os computadores não tinham memória suficiente, foi estabelecido o conceito de Era Unix, contando segundos a partir da zero-hora do dia 01/01/1970, e o próximo colapso digital de tempo só está previsto para 2038, que, ainda, não tem nome apocalíptico.

Sendo assim, já se lembra da viagem que, quando você botar aquele despertador maroto pras 5h30, seu celular tá entendendo que você que acordar após um bilhão, setecentos milhões e mais algumas centenas de milhares de segundos desde o réveillon de 1970. Mas se escapulir alguns segundinhos e o atraso bater, tentar dar o gás, numa velocidade próxima à da luz, pode dar uma dilatada no tempo pra você e te garantir aquela pontualidade.

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