Projeto Vai Chegar tem conversa sobre origens e tradições do Engenho Velho da Federação neste domingo (17)

Mustafá Melo, Lucas Maciel e Totó Cruz unem-se para bate-papo sobre linguagens afro culturais no cenário contemporâneo

Neste domingo (17), o projeto Vai Chegar, que desde 2018 contribui para a formação cidadã de centenas de crianças do bairro do Engenho Velho da Federação por meio de práticas artísticas, realiza mais uma edição do seu Domingo Artístico. No encontro deste mês, o tema é Linguagens Afro Culturais na Contemporaneidade, que será abordado através das narrativas do historiador Mustafá Melo e dos músicos Lucas Maciel e Totó Cruz. A partir das 10 horas, os três convidados irão compartilhar com as crianças e jovens do bairro seus saberes e vivências ligadas a questões identitárias e suas (re)definições no mundo atual.

Responsável pelo cargo de Ogã do Terreiro do Bogum, Anderson de Oliveira Melo, mais conhecido como Mustafá, é historiador e pesquisador, com experiência em sala de aula como professor de História e de Artes. No domingo, pretende assumir o papel de Griots, isto é, um contador de histórias, que narra os acontecimentos de um povo, passando as tradições para as gerações futuras. Os jovens irão aprender sobre o início da formação da Nação Jeje no Brasil e sua chegada no então bairro do Engenho Velho da Federação, de forma a fortalecer o conhecimento e a preservação da memória.

“O bate-papo será fundamental para o imaginário e o entendimento dos jovens que moram no bairro, pois vai mostrar que existe muito mais na sua comunidade para além do que é mostrado nos telejornais, e que a história e a memória fazem parte da vivência de cada um deles. O Engenho Velho da Federação teve seu início na sua construção e o ‘final’ dessa história pertence a eles, os jovens”, comenta Mustafá.

Também farão parte do diálogo os músicos Lucas Maciel e Totó Cruz, respectivamente Ogã do Terreiro do Bogum e Otun Alagbé do Terreiro Pilão de Prata, que possuem suas origens fincadas no Engenho Velho da Federação. O bairro foi onde nasceram e cresceram cercado de tocadores e cantores veteranos de candomblés tradicionais da Bahia, que forjaram sua formação religiosa e percussiva. Lucas é membro da Orquestra Rumppilezz e Totó Cruz traz uma bagagem cheia de experiências, a exemplo da sua participação na gravação dos filmes “Carnaval” para a Netflix e “Ó Paí, Ó 2” com o bando do Teatro Olodum.

O Domingo Artístico é uma experiência aberta para todos e vem proporcionando ao público do bairro um momento de troca de conhecimentos e de diálogo, com bate-papos, interações com artistas, pesquisadores e profissionais da cultura. Promovido sempre no terceiro domingo do mês, a atividade foi iniciada em abril, quando também passaram a acontecer oficinas semanais de Prática Rítmica, Investigação Musical, Dança, Prática Vocal, Teatro, Música Eletroacústica e Criação de Vídeos.

O projeto Vai Chegar é uma realização da Associação Oficina das Artes em parceria com a Multi Planejamento Cultural. Em 2023, recebe patrocínio da Neoenergia Coelba e do Instituto Neoenergia e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda. As ações semanais estão em andamento e irão até o mês de novembro, incluindo as sessões mensais de Cineclube e do Domingo Artístico.

“Esse é um ano muito especial, porque o projeto está tomando corpo. Na verdade, foram muitos anos plantando sementes no cotidiano, semeando artes, vontade de crer, vontade de perceber o mundo em todas suas possibilidades e transformações possíveis. Estamos, desde sempre, colhendo o sorriso das crianças, e neste ano, a equipe se tornou maior e com mais competência, para dar mais sustentabilidade ao projeto”, comemora Tedy Santana, idealizador do Vai Chegar.