Deputada federal foi apontada como idealizadora de invasão ao sistema do CNJ, mas em coletiva, negou envolvimento
A Polícia Federal prendeu, na manhã de hoje (2), Walter Delgatti Neto, conhecido como “hacker da Vaza Jato”. Preso pela terceira, o estudante de direito possui ligações com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que, conforme informações divulgadas pela PF, teria efetuado pagamento de R$ 13,5 mil reais para ele.
A prisão de Walter Delgatti Neto foi confirmada por seu advogado, Ariovaldo Moreira, que declarou à imprensa ter tido acesso apenas ao mandado judicial de prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes. O defensor também afirmou que seu cliente foi surpreendido pela decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Operação 3FA apura a invasão aos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), em janeiro deste ano, e a inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão, com o uso de credenciais falsas que os investigados obtiveram ilicitamente.
Além do hacker da “Vaza Jato”, que já está preso em Araraquara, São Paulo, a investigação da Polícia Federal teve como alvos endereços de Carla Zambelli, apontada por Delgatti como a responsável por promover o encontro entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no Palácio da Alvorada, durante a campanha eleitoral, em agosto de 2022.
Conforme depoimento do hacker, Bolsonaro quis saber se Delgatti poderia invadir o sistema de urnas eletrônicas caso tivesse o código-fonte dos equipamentos, mas “isso [o assunto] não adiante” porque para acessar o código-fonte das urnas, seria necessário estar na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas “não poderia ir lá”.
Segundo Walter Delgatti Neto, a deputada federal teria idealizado a mensagem no mandado de prisão falso contra Alexandre de Moraes e pedido para invadir o telefone e contas do ministro do STF, além das urnas eletrônicas.
Após a divulgação das informações levantadas pela PF, a Zambelli disse que o valor pago à Delgatti não foi de R$ 13,5 mil, mas R$ 3 mil. A parlamentar ainda negou ter cometido irregularidades no sistema do CNJ e declarou que o pagamento foi pela contratação de serviços para site próprio.
“Qualquer coisa a respeito de urna e eleições, não teve. Os pagamentos foram relacionados a fazer firewall e ligar minhas redes ao site, e [Delgatti] disse que não conseguiu realizar essa tarefa”, disse a deputada em uma coletiva na Câmara dos Deputados.
Nesta quarta-feira, Alexandre de Moraes determinou à Polícia Federal a apreensão de “armas, munições, computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos, passaporte, bem como de quaisquer outros materiais relacionados aos fatos investigados” que pertencessem à Zambelli.
De acordo com informações da jornalista Andréia Sadi, do canal Globo News, investigadores da Polícia Federal que estiveram no gabinete de Carla Zambelli relataram que o local estava “limpo”. Conforme publicado em blog no g1, Sadi relata o cenário encontrado pelos agentes: não havia nenhum computador de uso de Zambelli e mesmo o lixo estava revirado, o que causou estranheza. O cenário gerou a hipótese de vazamento da operação.
A deputada federal do PL de São Paulo deve depor sobre o caso na próxima segunda-feira (7).