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Vamos falar de coisa boa?

Se o jornalismo pode – e deve – criticar políticos, gestores públicos, membros do Ministério Público e do Judiciário, atletas, líderes religiosos, influenciadores digitais e o escambau todo, eu também posso criticar a imprensa

Eu queria escrever mais uma rabugice qualquer sobre o mau jornalismo que tem, diariamente, contribuído fortemente para meu mau humor e minha desilusão com a profissão que escolhi.

Eu ia dizer que o jornalismo político no Brasil sofre de dois problemas graves: fofocaria e superficialidade. Ia criticar a atuação dos profissionais que se classificam como analistas políticos, mas – no fundo – vivem de invencionice. Ia dizer que isso é tão danoso quanto a indústria das fake news, que afundou o país na última década e colocou em risco nossa democracia. 

Mas eu ia, do verbo não vou mais. Chega de falar mal do jornalismo. 

Desta vez, vamos focar no que continua dando certo e enche meus olhos de paixão: o fotojornalismo. Esse, sim, ainda resiste, apesar da invencionicee (olha ela aqui também) da inteligência artificial. 

Sim, resiste porque não dá para inventar um registro fotográfico e publicar como verdade. A fotografia jornalística é a mais nobre produção da imprensa contemporânea e merece valorização e reconhecimento. A Bahia sempre teve grandes fotógrafos e fotojornalistas. É uma referência nacional e continua produzindo novos talentos, que eu não vou correr o risco de citar para não deixar ninguém de fora. 

É verdade que os fotojornalistas são mal remunerados e ganham salários humilhantes, colocando seus equipamentos pra jogo e se arriscando debaixo de chuva e sol? Sim, é fato. É verdade que esses profissionais sofrem com a reprodução indevida de suas imagens sem autorização e sem remuneração? Pois tá! É verdade que além de “roubar” fotos aleatórias, sites e jornais impressos ainda creditam essas imagens como “Divulgação” ou “Reprodução” na maior cara de pau? E como. É verdade que eu não consigo deixar de ser rabugento quando falo do jornalismo contemporâneo? Sim, me vejo obrigado a fazer isso.

Se o jornalismo pode – e deve – criticar políticos, gestores públicos, membros do Ministério Público e do Judiciário, atletas, líderes religiosos, influenciadores digitais e o escambau todo, eu também posso criticar a imprensa. Até porque tenho lugar de fala, tô por dentro dessa bagaça. Então, me deixe continuar com meu mau humor e minha rabugice.

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