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Afeto, Representatividade e Empoderamento: Amora Brinquedos é referência na Educação Antirracista

O incômodo de Géorgia Nunes se tornou uma rede de apoio para crianças negras

Assim como muitas crianças negras, Georgia Nunes, passou a infância sem ter um brinquedo com a qual realmente se identificasse, as bonecas por exemplo, detinham estereótipos brancos que não a representava. Ela só foi questionar essa situação quando adulta, ao comprar bonecas para crianças de um projeto social em Salvador: “Eu queria comprar bonecas negras porque as crianças que receberiam as bonecas eram negras e eu queria que elas se sentissem representadas. Mas em plena Salvador, cidade com mais de 80% de população autodeclarada negra, eu só achei um único modelo de boneca negra nas dezenas de prateleiras daquela loja. Isso despertou o desejo de produzir essas bonecas e iniciar o que seria, na ocasião, um projeto social de doação de bonecas negras.”, afirma a empreendedora.

Hoje, esse pequeno projeto se tornou um negócio, que visa além do lucro financeiro, o lucro social. Para a idealizadora ainda há muitos caminhos a serem trilhados: “A meta é chegar em todas as escolas desse país. A gente leva brinquedos e serviços gratuitos para Escolas públicas por meio dos Eventos ‘Eu brinco, Eu existo!’ que são possíveis de serem realizados sem nenhum patrocínio ou apoio governamental porque para cada Boneca Amora que é vendida outro brinquedo Amora é doado para uma Escola pública. São eventos através do quais conseguimos, com apoio na Lei 10.639 adentrar o universo escolar e conversar de forma lúdica e interativa com o público infantil sobre estética afro, quilombos e diversos outros elementos da nossa cultura e história, promovendo dessa forma práticas pedagógicas antirracistas. A meta é fortalecer nossa atuação dentro do universo escolar, que nos acompanha desde sempre. Até hoje já doamos 613 Brinquedos Amora para Escolas públicas e só este ano de 2023 já impactamos 996 Crianças em Eventos gratuitos realizados em escolas públicas”, complementa.

Introduzir essa representatividade nas crianças desde pequenos é entender que a partir dali, atitudes positivas partirão dentro de cada um deles, como a auto estima, a autoaceitação e é claro, um pensamento antirracista. Entendendo que vivemos em uma sociedade padrão, afirmar essas pequenas narrativas contribuem muito na formação dessas crianças:

“A Amoras trabalha com crianças da primeira infância (0 a 6 anos) porque é nesse período da vida que elas estão construindo identidade e autoestima, e é justamente nesse momento que a gente quer impactar positivamente essas crianças, pra que elas entendam que podem ser o que desejam ser, pra que não permitam que a sociedade estruturalmente racista tolha os seus sonhos, pra que se vejam nos espaços de poder, e a gente faz tudo isso de forma lúdica, conversando com as crianças dentro da linguagem dela, que é a linguagem do brincar.

A gente tem nos personagens da Turma da Amora, por exemplo, o Luiz, um menino negro que sonha em ser astronauta da Nasa, e a Mai, uma personagem com blackpower que quando adulta será juíza, assim como temos a Luiza, com dreadloacks rosa, o Rudá, personagem indígena, Fred – personagem amarelo. A ideia é que as crianças se vejam em nossos brinquedos, e construam a partir deles um mundo onde elas sejam protagonistas.”

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