O projeto social tem buscado ajuda da população para continuar resistindo
O grupo de pesquisa EPA (Ética, Política e Abjeção), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) vem transformando a vida de adolescentes do Centro Educacional Edgar Santos no bairro do Garcia, através da literatura. A iniciativa começou por Murilo Nonato enxergou na escola um “local para começar a fazer a diferença”.
Foi com a ajuda da professora Luce Margarete, que essa vontade foi tomando forma e hoje se tornou o Projeto Entrelinhas. A reunião é feita uma vez por mês e são escolhidos alguns livros para o debate. A seleção é pensada para tratar de temas que atravessam as vidas dos estudantes, tanto nas individualidades quanto em contextos sociais que estão inseridos como: classe, raça, gênero e sexualidade.
O idealizador do projeto, Murilo Nonato é oriundo de escola pública e encontrou nas revistinhas da Turma da Mônica, um começo importante para embarcar nesse mundo da imaginação: “Aprendi a ler com as revistas da turma da Mônica estimulado pela minha tia, que é professora de alfabetização, depois passei para os livros da coleção vaga-lume. Entendo que através da minha imaginação poderia entrar em processo de co-autoria com o autor do livro. Ler estimulava minhas capacidades cognitivas, minha criatividade, era uma válvula de escape”, comenta o jovem.
Murilo ainda destaca que foi “pensando em como a literatura mudou minha vida, passei a me empenhar em proporcionar o mesmo para esses alunos e alunas. Além do mais, sou oriundo da escola pública e apesar dos esforços dos professores, sei que há muita carência no processo de ensino dada a falta de verbas. Acredito que é papel da universidade se aproximar das escolas públicas para contribuir com a formação dos alunos e alunas por meio da pesquisa e extensão e resolvi fazer a minha parte, mesmo sendo ainda apenas um aluno de doutorado.”
Para a educadora Luce Margareth, essa carência de recursos dentro da estrutura educacional é latente, mas fazer parte do projeto é um sentimento de dever cumprido: “Sinto-me cumprindo o meu papel de professora, muitas vezes ‘atropelado’ pela carência de recurso material e humano e da própria estrutura de ensino da Rede Publica.”, destaca a profissional.
Sobre o projeto, a professora ressalta que “participar do Projeto Entrelinhas representa, a possibilidade de fazer cumprir um dos objetivos da educação que é formar cidadãos com senso crítico, capazes de opinar com racionalidade e conscientes do seu papel na sociedade. O ato de ler assume papel importante no desenvolvimento cognitivo e intelectual de um individuo e deveria ser estimulado ainda na infância. ”
O Entrelinhas não pretende ficar só no Centro Educacional Edgar Santos. O objetivo é se consolidar com uma atividade de extensão da UFBA, com verba, bolsas, qualificação da permanência. Enquanto esse objetivo não é alcançado na íntegra, o projeto segue buscando contribuição da população com doações de livros. Para fazer parte dessa mudança social é só entrar em contato com o número: (71) 992973950.